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Pablo Kossa
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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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O menor dos equívocos de Túlio Isac foi no português

Preconceito de deputado fica claro no vídeo | 25.01.12 - 16:55


Muito está se falando da gafe gigantesca do deputado estadual Túlio Isac (PSDB). Se você não está ligado no assunto, por favor, leia a matéria desse link que tudo ficará claro. O vacilo ortográfico virou meme de internet, piada curta em todas as rodinhas e constrangimento geral para os goianos. O problema menor, nesse caso, foi o grotesco erro de português do parlamentar. O preconceito explicitado em sua argumentação quando diz que “um cabeludo que não sabia se era homem ou mulher” é muito mais grave do que a troca entre as letras J e G.

Errar no português é normal. Eu erro direto. Não faço parte da escola pós-Pasquale que não fala “risco de vida”. Entendo que o conteúdo vale mais que a forma. O que deixou feia a história para Túlio Isac não foi o equívoco na soletração em si, foi ele errar ao tentar corrigir o que estava certo. Mas esse ponto é definitivamente menor dentro da gravidade da frase completa do deputado. Ele se mostrou um preconceituoso de primeira. Esse sim é o ponto nevrálgico, independente do desconhecimento acerca da última flor do Lácio, tal qual batizou nossa língua o poeta Olavo Bilac.

Será que Túlio Isac acredita que corte de cabelo influencia na orientação sexual da pessoa? Ou ele quis dizer que uma pessoa, dependendo da orientação sexual, não é capaz de ser professor? Independente da mensagem, a percepção estereotipada está clara. A falta de visão plural do deputado é seu grande equívoco. O desrespeito a quem se traja de uma forma que ele não gosta se mostra o problema maior do parlamentar – eleito, diga-se de passagem, para representar toda sociedade na Assembleia Legislativa de Goiás. Que bela representação, hein...

Quando o deputado profere tal sentença, tenta desqualificar seu opositor de debate político da pior forma possível: evocando o preconceito de gênero e sexual arraigado no âmago da sociedade. Ao dizer que não sabe se o cara é homem ou mulher por ser cabeludo, ele quer dizer que o cara não sabe nem a própria sexualidade, logo, não pode saber nada da política e nem o que está reivindicando. E ridiculariza o argumento do manifestante pela sua aparência. Jogo baixo. Não é dessa forma que uma sociedade democrática confronta ideias.

E é uma pena que essa percepção do quão grave é a colocação preconceituosa do deputado tenha ficado sem destaque no debate midiático por conta de um erro entre J e G. Quem critica Túlio Isac pelo erro gramatical, não tenho dúvidas, critica o menor dos equívocos do deputado naquela sentença. Como eu disse, uma pena.


Comentários

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  • 26.01.2012 08:31 Flávia Cristina

    Falou e disse Pablo! As pessoas não dão mais atenção ao q realmente devem e o preconceito deve sempre ser combatido!!!

  • 26.01.2012 11:16 Fernando Dominience

    A questão não se resume a homofobia, também central. O autor pretende um artigo perspicaz, mas é míope. Consegue passar ao largo do principal problema em questão, a Educação. E aqui, não da educação do deputado, mas da tragédia que o governo do estado impõe a educação pública, dos filhos dos trabalhadores. Tragédia que é ferozmente defendida por Túlio Isac. O deputado tentar justificar o injustificável (desmantelamento do plano de carreira dos professores e suas conseqüências). Assim, esvazia o conteúdo para prevalecer pela retórica, e erra até na retórica. Erra duas vezes. Pela forma e pelo conteúdo. E ai, a caricatura se potencializa como crítica. Pois o deboche dos vídeos não é com o G ou o J. Repercutem por ser o deboche com a educação. Meio que um povo rindo da sua própria desgraça. No esforço, que me parece, de auto-reflexão. Em um momento em que se percebe tão claramente a necessidade de investimentos em educação, mesmo pelos setores mais conservadores e resistentes da sociedade, o vídeo permite indagar o país que estamos construindo. É esse desserviço ao povo que choca, que enfurece, e é por isso que os vídeos repercutem e são pertinentes, não se resumem a G ou J. É isso que move e motiva a extrema maioria. Como bem canta Geraldo Vandré: "A volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar". Mas é apenas o início da luta.

  • 26.01.2012 09:17 luciana

    Bom dia Pablo, eu vir ontem nos jornais falando do caso do Túlio Isac, em goiás tem tanta coisa para se por nos eixos, que esse acontecido só foi descoberto por falta de enterresse na populaçao, quantos já não devem ter errado, e nós não sabemos,(não estou defendendo) e não vamos longe invés de ficarem se desgastando com isso, que realmente é triste, vamos atrás dos nossos representantes maior, os da Saúde, que está uma vergonha, dos Buracos nas Ruas, vergonha maior ainda, todos os jornais de goiânia só fala coisa ruim, eu chego em casa para o almoço, nem ligo mais a Tv, DEUS me livre de tanta coisa ruim, e olha está chegando as eleiçoes, eu nem tenho vontade de votar, nao sei quem faz alguma coisa por mim, pois os ônibus também é uma calamidade, há sei lá o que fazem quando ganham eleição, só receber seus salários. Sou uma eleitora muito decepcionada, Pablo pensa um pouco, o povo viu que as eleições virou brincadeira, que aqui hoje para ser candidato basta ter boas amizades, e nada de conhecimento, e quem tem conhecimento de verdade tem que fazer concursos Publicos, que na verdade só dá dinheiro pra ele, em outro países os professores são valorizados, no Brasil, são os Politicos.

  • 25.01.2012 10:07 Álvaro Tosta

    Parabéns, Pablo! Texto claro, enxuto e imparcial. Sou leigo, mas não sou burro (acho. Rss). Coisa de jornalista sério, comprometido com a verdade dos fatos. Sucesso! É o que desejo à você, sempre.

  • 25.01.2012 08:12 Allysson

    Pablo você foi ao ponto G da questão, rss Mas em geral nossos 'representantes' sofrem de 'bolsonaro feelings' e nesse caso realmente representa muitos de nós que pensamos como ele: machistas, sexistas, conservadores e autoritários.

  • 25.01.2012 06:18 Maria de Lourdes

    Parabéns pelo texto, o Túlio Isac e um preconceitoso e burro e Oportunista. Concordo com você, atroca das letras e o de menos.

  • 25.01.2012 05:37 Léo Carrer Nogueira

    Olá Pablo, concordo bastante com seu texto, também fiquei indignado quando vi o vídeo mais pela postura de Túlio Isaac ao tentar desqualificar o tal professor utilizando-se de uma visão estereotipada e preconceituosa quanto à sexualidade do rapaz. No entanto, creio que o que mais chama atenção no vídeo não seja nem o fato dele ter errado ao tentar corrigir o cartaz, mas sim ver tamanha soberba e desdém em relação aos professores ir por água abaixo em seu discurso, ele que parece se julgar tão superior aos professores e de repente é pego em sua altivez e superioridade cometendo um simples erro de português. Talvez em outras circunstâncias não devêssemos ridicularizá-lo por isto. Todos os dias políticos e pessoas importantes cometem erros de português em discursos ou mesmo em pequenos posts no twitter, o que concordo com vc é algo absolutamente normal. Mas neste caso, creio que todo o estardalhaço em cima do caso sirva de lição para ensinar-lhe algo que ele deveria ter aprendido na escola, com aqueles que tanto critica no vídeo: humildade.

  • 25.01.2012 05:29 Gustavo

    Na minha opinião, o deputado já peca antes mesmo de começar a falar, pela intenção de atacar o sindicato de educadores do estado. Isso apenas mostra a falta de interesse pelas demandas de necessidades básicas de nossos professores para manter um padrão mínimo de qualidade nas salas de aula.

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