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Passo a passo

Como montar sua própria banda

Produtores dão suas dicas de sucesso | 26.08.11 - 08:44 Como montar sua própria banda João Lucas à frente de seu grupo, a Johnny Suxxx and the Fucking Boys. Escolher pessoas pela competência, e não por amizade, é a dica principal que ele dá. (Foto: Aline Mil)


Raisa Ramos

Atire a primeira pedra quem nunca quis formar uma banda. Ou quem nunca, durante o banho, já se imaginou um rockstar, improvisando passos debaixo do chuveiro e usando o frasco de shampoo como microfone. A verdade é que ter um grupo de sucesso é o desejo de muita gente, independente de geração, idade, sexo ou classe social. Deve ser muito bom ter ter sua própria banda, viajar pelo mundo fazendo shows e enlouquecer a multidão. E se você é um goiano que, como tantos outros, pensa em levar esse plano rumo ao estrelato adiante, anime-se! Segundo o jornalista, produtor musical e apresentador de TV Carlos Eduardo Miranda, só de morar em Goiânia, o futuro artista já pode se sentir privilegiado.

"Assim como São Paulo e Porto Alegre, Goiânia é uma cidade com uma ótima estrutura voltada para o rock. Há profissionais bastante competentes na área, seja em estúdios ou em produtoras", elogia Miranda, que já produziu artistas como Lobão, Skank, O Rappa, Otto, Raimundos e vários outros. Depois das palavras de incentivo no início da conversa, o gaúcho dá sua primeira dica: "Tem que ir em muitos shows. A pessoa que quer fazer parte do meio tem que conhecer bastante o que ela quer se meter", recomenda. A instrução funcionou com João Lucas, que também é produtor cultural, além de vocalista de um dos grupos mais conhecidos da região, o Johnny Suxxx and the Fucking Boys.
 
Até formar sua banda atual, João teve duas experiências anteriores nada bem-sucedidas. "Geralmente, as pessoas procuram amigos na hora de montar a equipe. Isso é muito bonito, muito poético, mas geralmente não dá muito certo", testemunha. Na sua última tentativa de formar um grupo de qualidade, o vocalista fez diferente e convidou rapazes, não pela amizade, mas pela competência e, acima de tudo, compromisso com a música, itens que ele julga mais importantes do que qualquer outra coisa. Miranda concorda e acrescenta: "Tem que escolher gente com ideais semelhantes aos seus, afinidade artística e disponibilidade de se dedicar ao projeto. Os papéis têm que ser bem estabelecidos logo de início, para evitar problemas mais à frente".
 
Responsabilidade
Ledo engano se se pensa que rock é só diversão. Para alcançar o sucesso, a banda deve ser vista como uma empresa. Além do compromisso e respeito com o trabalho, os integrantes devem ser dedicados e buscar constantemente o aperfeiçoamento. Esse quesito inclui também a aquisição de bons instrumentos, cuja diferença para os outros materiais é gritante. "Em festivais com muitos grupos se apresentando, é notável a diferença de uma banda realmente boa para as outras. Quando ela sobe ao palco, o som muda, principalmente por causa dos equipamentos melhores", diz Miranda.
 
Ensaios mil
Muito bem. Até o momento, você já selecionou músicos comprometidos e comprou bons equipamentos. Agora o próximo passo é ensaiar. E muito! No começo, não há problema nenhum em tocar faixas de outros artistas, fazendo os famosos "covers". Mas tanto Miranda quanto João Lucas dizem que quanto mais cedo o grupo começar a compor, melhor. E isso vai ficando cada vez mais natural conforme os integrantes forem improvisando melodias na brincadeira. Como já se pode perceber, é essencial que cada um conheça bem o seu instrumento. "Não precisa ser virtuoso, mas tem que ter um conhecimento mínimo antes. Eu, por exemplo, fiz três anos de teclado para depois querer tentar alguma coisa", conta João.
 
Em Goiânia, há vários estúdios que podem ser alugados para ensaio a preços humanos. Geralmente, uma banda com cinco integrantes paga R$ 25 pela sessão, ou seja, R$ 5 para cada. Locais de melhor qualidade cobram mais, mas nada muito exorbitante. Dividindo as contas, fica bem acessível. Depois de um tempo, quando todos estiverem tocando direito, muito bem ensaiados, Miranda recomenda que se faça uma gravação para autoavaliação. "Se ouvir tocando é muito importante. Dá para ver o que está bom e o que precisa ser melhorado. A autoavaliação é necessária", afirma.
 
Divulgação
Uma vez com a música gravada, se satisfeita, a banda pode começar a divulgar o trabalho tanto em redes sociais da internet quanto enviando pessoalmente o material para produtores e donos de casas de shows. Não precisa ser nada grandioso. Um simples e-mail com o arquivo em anexo já é suficiente, mas cuidado para não descuidar na mensagem de apresentação, chamada "release". Nela, você faz um breve resumo do grupo, falando do estilo de música que toca, influências, integrantes e o que mais achar necessário, mas sem exagero. Se possível, fazer fotos de divulgação também ajuda bastante, mas, como já foi falado antes, tem que ter qualidade. Se for para sua mãe tirar fotos ela mesma com a câmera "chinfrin" do seu pai, melhor nem fazer! Lembre-se de que a primeira imagem é a que fica. "Bom material de apresentação é fundamental", conta João Lucas. "Se tiver a cara ruim, nem olho", acrescenta, salientando que prefere receber produtos virtuais a materiais físicos. Bom para economizar dinheiro!
 
Agora é só esperar ser convidado para fazer shows! Enquanto isso não acontece, continue divulgando os trabalhos para os amigos e disponibilizando-os na internet. Nessa hora, cuidado para não ser insistente demais, porque isso pode ter efeito contrário na sua meta de conquistar público. Geralmente, convites para shows demoram a ser feitos, mas não desanime. O produtor goiano explica que, por mais que ele goste do que viu, às vezes demora a conseguir encaixar novas bandas nos festivais por questões de logística ou até mesmo de perfil sonoro. "Bandas de metal, por exemplo, não posso colocar em qualquer evento. Tem que ser em uma programação especial, mais focada no público que gosta desse tipo de música", justifica.
 
Manutenção
Por mais que se pense que o "montar" é a parte mais difícil dessa história, na verdade é o "manter" que exige atenção especial. Há mais de um ano na Mugo - outra banda bastante conhecida e querida na cena alternativa -, o guitarrista Augusto Scartezini não tem dúvidas: manter não é fácil. "É um pouco complicado porque todos têm que estar disponíveis para resolver os problemas que aparecem. Todos têm que se ajudar", opina. Para ele, cultivar uma relação amigável e de cumplicidade com os demais integrantes é o ponto chave para se alcançar esse objetivo: "O importante é se dar bem com todos", enfatiza.
 
Apesar de tantos detalhes a serem seguidos na estrada rumo ao sucesso musical, além de ensaios, técnicas e dinheiro investido, deve-se sempre ter em mente que o ponto principal disso tudo é se divertir, motivo, inclusive, que deu início a todo esse plano meticulosamente pensado. Música é, antes de tudo, arte e entretenimento. "O importante é tocar e se divertir, fazer um som com a galera certa. É por isso que você está ali, ralando. Se esse não for o objetivo, não vale a pena. Quer queira, quer não, é um trabalho muito gostoso, que pode ficar chato se não for levado à sério", finaliza Augusto.

Comentários

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  • 04.02.2013 17:07 Palco Certo

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  • 26.08.2011 10:15 Paullo Di Castro

    Boa matéria, fugiu um pouco de clichês e elucidou a realidade do mercado independente.

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