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Literatura

Altair Sales lança novo livro nesta sexta no IHGG

Narrativa envolve realismo mágico | 26.11.25 - 08:35 Altair Sales lança novo livro nesta sexta no IHGG Convite para o lançamento (Imagem: divulgação)Jales Naves
Especial para A Redação
 
Goiânia – Doutor em Antropologia/Arqueologia pela Smithsonian Institution, de Washington, Estados Unidos, e dedicando mais de 50 anos ao estudo do Cerrado, o professor Altair Sales Barbosa lança nesta sexta-feira (28/11), às 9h, no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), a sua mais nova obra: “Na Terra dos Mãe da Lua e o Diário de Zuza Santa Cruz”, com ilustrações de Élder Rocha e prefácio da professora Tatiana Carilly, pró-reitora pedagógica do Centro Universitário Araguaia.
 
A obra transcende a mera literatura para se estabelecer como um portal entre a ciência e o mito, o visível e o invisível do Cerrado. Conforme ressalta Tatiana Carilly, é um daqueles “livros que são portais, que nos atravessam como um vento antigo”, onde “a ciência se rende à poesia do mundo”. A profunda interconexão entre o rigor científico e a sensibilidade poética é um reflexo direto da trajetória de seu criador.
 
O professor Altair Sales é o fundador de instituições cruciais para a pesquisa regional, como o Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia, o Instituto do Trópico Subúmido e o Memorial do Cerrado. Seu legado reside na defesa de uma visão do Cerrado como um sistema biogeográfico complexo, estudado em sua dimensão histórica, antropológica e cultural, explorando a relação sábia que os povos estabeleceram com este ambiente. Esse conhecimento profundo fundamenta a obra.
 
Narrativa
A narrativa do livro, de acordo com o escritor Abílio Wolney Aires Neto, começa com a jornada de um pesquisador em uma expedição pelo Cerrado, onde ele encontra um “velho caderno, repleto de histórias, desenhos e inquietações”: o diário de Zuza Santa Cruz. Zuza é o arquétipo do cientista-filósofo: um homem que abandonou o mundo da “razão e dos números” para se tornar um “sábio” que escuta a terra. Chamado de “Doido” pelos que não o compreendem, ele demonstra um conhecimento íntimo dos segredos do bioma, vivendo em harmonia com o ambiente.
 
O ápice da jornada de Zuza é a descoberta dos Mãe-da-Lua, criaturas que parecem ter saído de um “conto perdido”. O diário descreve esses “seres miúdos, de olhos grandes como os do urutau”, que representam uma civilização oculta e pulsante no Cerrado, capaz de “domar tatus como cavalos e criavam gafanhotos como gado”. O diário de Zuza, no qual há “ciência, há mitologia, há espanto e delicadeza”, torna-se o registro etnográfico dessa civilização mínima.
 
O encantamento de Zuza rapidamente se transforma em uma missão de proteção. Ele antecipa a tragédia iminente: a chegada “das estradas, dos tratores, dos turistas, da devastação”, que ameaça apagar o Cerrado milenar. Em sua busca por soluções, Zuza recebe uma mensagem do próprio mundo natural: “Sinta o cheiro das flores do pequizeiro, ele despertará sua intuição.” Essa é a chave para a preservação: o resgate de um conhecimento ancestral e respeitoso. A obra não esconde a iminência da destruição. O clímax é o sumiço dos Mãe-da-Lua, que “somem, fugindo para o fundo das grunas, dissolvendo-se no tempo", um símbolo da perda irreparável.
 
O livro, resultado do encontro misterioso e guiado entre o diário de Zuza e o pesquisador, é o testemunho final dessa história. “Na Terra dos Mãe-da-Lua” é um convite para “atravessar uma fronteira entre o visível e o invisível” e um poderoso manifesto que ecoa a pergunta fundamental: “o que ainda podemos salvar?”. O legado de Altair Sales Barbosa é, assim, imortalizado nesta obra que ensina sobre a terra através do olhar da poesia, como ressalta Abílio Neto.



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