Goiânia - Cerca de 200 trabalhadores da obra Varandas de Copacabana da CMO Construtora, no Jardim Atlântico, estão passando por um desafio diferente na rotina do trabalho: cuidar da saúde bucal. Enquanto os colegas se revezam nos andaimes e máquinas da construção, outros serão atendidos, durante o expediente, em um consultório odontológico móvel instalado dentro da obra.
O trailer é a Unidade Móvel Odontológica do Serviço Social da Indústria da Construção Civil (Seconci/GO), voltada para o atendimento exclusivo dos trabalhadores do setor, e está estacionado no canteiro de obras da CMO, onde deve ficar até o final de setembro. O atendimento é agendado de segunda à sexta-feira, das 7 às 11 horas.
De acordo com o engenheiro Thiago Quirino, responsável pela obra, o atendimento no local de trabalho facilita o acesso dos trabalhadores e reduz também do número de faltas. “Eles são liberados, no momento do atendimento, e, na maioria dos casos, podemos voltar a trabalhar logo depois sem perder tempo com o trânsito e as filas”. Além disso, segundo ele, o atendimento de qualidade oferecido pelo Seconci atrai a maioria, que tem dificuldade de acesso a serviços qualificados e gratuitos.
A dentista Angélica Siqueira Ribeiro, que é responsável pelos atendimentos, explica que são oferecidos gratuitamente tratamentos de prevenção, restauração e limpeza dos dentes. “Também faço um trabalho de orientação com eles sobre a escovação e o uso do fio dental. O que percebo é que ainda falta a incorporação na cultura de cuidar da saúde bucal e, em todos os casos, há problema de tártaro que pode ser evitado apenas com uma boa higiene diária”, afirma.
A falta de prevenção na saúde bucal já foi identificada, inclusive, em pesquisas que mostram que a maioria das pessoas só procura atendimento odontológico após sentir algum sintoma. A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal 2010, realizada pelo Ministério da Saúde, mostra que a saúde bucal do brasileiro, no geral, melhorou, porém as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as que possuem moradores com mais necessidades de restaurações e tratamentos.
A Pesquisa examinou 37.519 indivíduos de todas as faixas etárias e das 26 capitais estaduais, Distrito Federal e 150 municípios do interior do Brasil afora. Só de Goiânia, 1187 exames foram realizados para levantamento de dados. Na região Centro-Oeste, 75,7% dos pesquisados entre 35 a 44 anos revelaram que a última consulta ao dentista foi motivada por dor, extração ou tratamento. Somente a metade das pessoas desta faixa etária (49,1%) procuram o dentista em intervalo menor que um ano, sendo que 38,3% tem acesso ao tratamento dentário somente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ou seja, a minoria da população realiza a consulta a título de prevenção.