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Educação profissional

Em alta no mercado, graduação tecnológica alavanca carreiras na indústria

9 em cada 10 ex-alunos do Senai têm emprego | 20.10.22 - 16:48 Em alta no mercado, graduação tecnológica alavanca carreiras na indústria (Foto: pixabay)
Fernando Dantas

Goiânia - 
A busca pela qualificação profissional tem sido um dos caminhos mais seguros para conquistar a tão desejada vaga no mercado de trabalho. Às vezes, pela falta de capacitação, candidatos perdem oportunidades de emprego nas indústrias. Neste cenário, os cursos de graduação tecnológica, também conhecidos como tecnólogos, se tornaram opções para quem quer – e precisa - obter o diploma de curso superior de forma mais rápida e com menor custo. Isso porque, diferentemente do bacharelado, os cursos tecnólogos levam, em média, de dois a três anos para conclusão, com foco principalmente na prática e no desenvolvimento de habilidades técnico-científicas e de gestão. É uma graduação reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) e para cursá-la é necessário ter concluído o ensino médio.

A modalidade de ensino está em alta no mercado e conquista cada vez mais alunos. É o que indicam os dados do Censo da Educação Superior de 2020 (último ano da pesquisa), realizado pelo MEC. De acordo com o estudo, houve crescimento de 23,07% na quantidade de cursos de graduação tecnológica oferecidos no formato presencial no Brasil, no período de 2011 a 2020. Em uma década, o salto foi de 5.192 cursos para 6.390 disponíveis. Em relação aos ingressantes, a quantidade cresceu de 443.253, em 2011, para 980.164, em 2020.
 
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) é uma das instituições que oferece graduação tecnológica em suas unidade espalhadas pelo País. De janeiro a dezembro de 2021, a entidade registrou 7,3 mil matrículas em diferentes cursos. Em Goiás, são oito unidades do Senai e a oferta de cursos tecnólogos ocorre em cinco áreas diferentes. Em 2021, se qualificaram mais de 100 egressos dos cursos de graduação tecnológica do Senai no Estado. Neste ano, já foram mais de 400 matrículas efetuadas.
 

(Arte: 
Fernando Rafael)
 
A melhor notícia é que essa modalidade de graduação tem alcançado alto grau de empregabilidade no mercado. A edição 2020-2022 da pesquisa de egressos ‘Sistema de Acompanhamento Permanente dos Estudantes (Sape)’ revela que de cada 10 ex-alunos de graduação tecnológica do Senai, nove estão empregados. Além do registro na carteira de trabalho, os tecnólogos formados pela instituição conseguem renda média salarial de 3,27 salários-mínimos, valor superior ao rendimento médio nacional, que é de 2,42 salários-mínimos. A pesquisa - realizada todo ano e que avalia vários critérios –, mostra ainda que 67,6% estão trabalhando na área de formação.
 
Para o gerente de Educação Profissional do Senai Goiás, Osvair Matos, a alta taxa de empregabilidade se dá, principalmente, pelo alinhamento da formação dos alunos e pelas demandas do mercado de trabalho. “A indústria e outros setores da sociedade têm, cada vez mais, modernizado seus processos, precisando de profissionais com conhecimento teórico e prático a serem utilizados na resolução de problemas oriundos das inovações trazidas por tais tecnologias”, informa.
 
Ele acrescenta que o Senai - que em 2022 completa 70 anos de atuação - se destaca na graduação tecnológica por causa do quadro de docentes, com formação acadêmica, vivência no mundo do trabalho e conhecimentos técnicos científicos necessários para a formação dos alunos. “Possui diferencial ainda pela ampla infraestrutura instalada nos laboratórios e oficinas de suas faculdades, que detém tecnologia de ponta. Os espaços são utilizados para a realização de aulas práticas que simulam a realidade industrial e possibilitam ao aluno a construção de saberes aplicáveis ao mercado de trabalho”, diz.


Gerente de Educação Profissional do Senai Goiás, Osvair Matos destaca que a
indústria admite egressos de graduação tecnológica para cargos de perfis tático, analítico e de gestão. (Foto: Alex Malheiros)
 
Essa é a mesma avaliação do analista de Serviço de Tecnologia e Inovação, Júlio Mota. Formado pelo Senai Goiás em Mecatrônica Industrial, que é curso técnico, e Automação Industrial, curso superior de tecnólogo, ele defende que os laboratórios e os profissionais são realmente diferenciais da instituição. “A pegada do Senai é mais de pessoas que estão trabalhando na indústria. Os alunos são aqueles que têm ou pretendem ter trabalhos nas indústrias. Quando começa o curso, a pessoa entra focada em se desenvolver na área. Quando se identifica com os professores, por exemplo, se envolve ainda mais, formando um profissional mais completo”, relata.
 
Com 32 anos, Júlio se dedicou desde jovem e investiu nos estudos para conquistar o espaço que possui no mercado de trabalho. Tudo começou com o curso técnico, concluído em 2011. “Sempre quis fazer Mecatrônica, mas na época não sabia de nenhum curso, ninguém falava do assunto. Só conhecia o da UNB [Universidade de Brasília]. Porém, não tinha condições de fazer lá. Por sorte, um aluno do meu irmão falou que estava no curso do Senai. Era técnico, mas resolvi fazer”.
 
Durante os estudos, Júlio fez estágio, trabalhou na área de informática e desenvolveu alguns projetos. Dois anos após se formar como técnico, iniciou o curso de graduação tecnológica em Automação Industrial, finalizado em 2014. “Hoje, as duas profissões se complementam”, diz. Para ele, além de investir em qualificação profissional, outros fatores merecem atenção do aluno durante o período de estudo, especialmente na graduação tecnológica para garantir oportunidades de empregabilidade. “Um deles é networking. No meu caso foi assim e me trouxe para essa área. Um colega, que estudava junto comigo, me deu a oportunidade do meu primeiro trabalho”, informa.
 
Para o interessado em se tornar tecnólogo, a orientação de Júlio é de sempre conversar com quem está na área para ter mais maturidade sobre estudo e profissão. “Em qualquer curso, tem que abrir a boca e absorver o máximo de conteúdo. O período é curto para um profissional, que está há 30 anos no mercado, passar todo o conhecimento dele aos alunos em 100 horas. Então, explore o conhecimento do professor. É preciso se aproximar ao máximo da área, seja com leitura, conversa, entrevistando alguém que já fez ou trabalha na área”, reforça.

 

Analista de Serviço de Tecnologia e Inovação, Júlio Mota (de vermelho) orienta que
durante o curso é preciso estabelecer networking. (Foto: divulgação)

Boa aceitação no mercado
Há 11 anos no Senai Goiás, o professor Bruno Fagundes Ferreira atua hoje como coordenador técnico na Faculdade Senai Ítalo Bologna, em Goiânia (GO). Antes disso, ele trabalhou por mais de 10 anos na indústria e buscou a entidade exatamente por causa do prestígio dela na área industrial e no mercado de trabalho, além do reconhecimento dos bons laboratórios da instituição e práticas de ensino. Atualmente, o foco de trabalho dele está nas áreas de Automação Industrial e Mecatrônica Industrial. “Os processos industriais estão cada vez mais automatizados. Com o advento da chamada ‘Indústria 4.0’, ou quarta revolução industrial, a demanda nesses setores aumentou exponencialmente. Em Goiás não é diferente. Uma indústria que não consegue aumentar seus níveis de automação para ampliar a produtividade e a qualidade de seus produtos, dificilmente consegue se manter no mercado. E o Senai se apresenta como uma instituição preparada para formar esse novo profissional para a demanda das indústrias e empresas. Por esses e outros motivos, a maioria dos profissionais desses cursos já sai empregado ou consegue emprego ainda durante o curso”, enfatiza.
 
Com média salarial de R$ 8.937,43, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o tecnólogo em Automação Industrial pode atuar em todos os tipos de indústrias e empresas que necessitam de automação, em diversas áreas no processo produtivo, como robótica, instrumentação industrial, calibração, manutenção industrial, controle de qualidade, entre outros. Bruno reforça que os alunos evoluem bastante no período de três anos de curso. “Além de coordenador, também dou aula e consigo acompanhar a evolução dos alunos do primeiro ao último período. Alguns entram sem conhecimento nenhum na área, mas com o aprendizado que vão tendo nos primeiros anos de curso, logo já conseguem emprego na área”, explica.

No Senai Goiás, o curso de Automação Industrial começou a ser ofertado em 2005, com formação de novas turmas em praticamente todos os semestres. “A graduação tecnológica tem se fortalecido no estado, à medida que bons profissionais saem para atuar na indústria e nas empresas, gerando indicações positivas. Muitos dos novos alunos são colegas de trabalho de estudantes que já formaram ou estão formando. Outros são ex-alunos de cursos técnicos do próprio Senai ou outras instituições, que começam com o sonho de concluir a primeira graduação de nível superior. E o profissional formado pelo Senai, especialmente nas áreas de Automação Industrial e Mecatrônica, tem uma ótima aceitação no mercado”, enfatiza.


Coordenador técnico na Faculdade Senai Ítalo Bologna, Bruno Fagundes defende que
com aprendizado, os tecnólogos conseguem emprego rapidamente no mercado. (Foto: divulgação)

Aperfeiçoamento do currículo profissional
A indústria passa por constantes transformações e inovações em seus processos e gestão. Para acompanhar as novidades que surgem no trabalho e as novas exigências por competências profissionais, a solução tem sido investir em qualificação e aperfeiçoamento para garantir a empregabilidade no campo industrial. Isso porque a previsão é de aumento na demanda por profissionais no segmento nos próximos anos. Segundo o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025 - estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria com o objetivo de identificar a demanda por trabalhadores e orientar a formação profissional de base industrial -, até 2025, Goiás precisará qualificar 309 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 63 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 246 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar.
 
O estudo revela que dessa demanda por formação nos próximos quatro anos, 79% serão em aperfeiçoamento e de profissionais que realmente possuem conhecimentos relacionados à produção industrial. Quem sabe bem a importância de se aperfeiçoar para crescer na carreira profissional é o tecnólogo em Manutenção Industrial, Geovane Barbosa Martins Braga. Formado em 2012 no curso técnico de Mecânica Industrial pela Faculdade Senai Roberto Mange (Fatec), em Anápolis (GO), ele percebeu, atuando na área, a necessidade de avançar nos estudos e buscar a graduação tecnológica. “Iniciei minha carreira há 10 anos, como técnico na Cervejaria Ambev. Sou filho de metalúrgico. Meu pai também é torneiro mecânico industrial e técnico em mecânica industrial. Sempre tive em mente que o curso técnico seria uma porta de entrada para o mercado de trabalho, com melhor remuneração. A forma que eu tinha de encontrar uma boa vaga era por meio de uma capacitação técnica”, relata.
 
Ele lembra que o maior desafio de estudar na área que escolheu, inicialmente como técnico de mecânica industrial e posteriormente superior de manutenção industrial, foi conciliar o tempo. “Quando iniciei no curso técnico de mecânica, eu trabalhava, cumpria carga horária no comércio, das 8 às 18 horas, e começava o curso de tecnólogo às 19 horas. Então, o tempo que eu tinha para estudar era realmente no Senai. Foi muito importante a parte de ensino dos docentes, porque o que eu aprendi, não foi estudando em casa e não só estudando em livros. Claro que tive a parte teórica bem fundamentada, porém a parte prática eu realmente aprendi nos laboratórios com todo auxílio dos docentes”, complementa.


Em quatro anos, Goiás precisará qualificar 309 mil pessoas em ocupações industriais
em áreas como logística e manutenção industrial. (Foto: Pixbay)
 
Com 22 anos, Adler Rodrigues de Moraes Landim também compartilha dessa experiência. Ele acredita que as duas formações – técnica e tecnológica - o ajudaram a ter mais disciplina com horários e o estimularam a buscar mais conhecimento. “Pode não parecer, mas a junção de aulas teóricas e práticas facilita muito o aprendizado tanto de quem já tem experiência na área do curso quanto de quem ainda é inexperiente”, diz. Ele é formado como técnico em Eletrotécnica, em 2017, e como tecnólogo em Manutenção Industrial, em 2020, e hoje atua com automação e instrumentação na Ambev, em Anápolis. “Busquei a qualificação e depois o aperfeiçoamento porque os cursos abordam todas as áreas de manutenção, como elétrica, mecânica, automação e gestão. Eu já conhecia a forma de ensino, então optei pela graduação tecnológica para conhecer todas as áreas”, afirma.
 
O coordenador das graduações em Automação Industrial e Manutenção Industrial da Faculdade Senai Roberto Mange, Kleber Silveira, concorda que buscar a qualificação e investir na requalificação são caminhos necessários para garantir empregabilidade na indústria. “O mercado está extremamente aquecido, nós não conseguimos atender atualmente a demanda de profissionais que aparece para os nossos cursos. Todos os discentes estão empregados. Além disso a remuneração é muito atraente”, cita.

Kleber informa que também foi aluno, em 1998, no Senai, em Anápolis, e enquanto atuava 
diretamente prestando serviços para a indústria na área elétrica, em 2006, começou a ministrar aulas na unidade em Aparecida de Goiânia. Até hoje ele está na instituição, porém retornou para o local onde concluiu os estudos, que é Anápolis. “Enxergo que o Senai, ao longo de décadas, forma a mão de obra qualificada que atuou e atua com excelência nas indústrias, assim como vem fazendo com os cursos de nível superior em tecnologia a quase duas décadas”. Ele complementa que os cursos de graduação tecnológica atendem às demandas industriais em toda sua extensão. “Uma indústria não funciona sem que seja dada a devida importância para as áreas da mecânica, elétrica, automação e gestão da manutenção dentro de suas plantas fabris. Os cursos permitem ao profissional se especializar em uma delas ou geri-las de forma a contribuir para melhorar os indicadores de manutenção e produção, garantindo a eficiência dos
equipamentos, sua disponibilidade e confiabilidade”.
 
 
Kleber concorda, ainda, que a alta empregabilidade – identificada na pesquisa Sape - é reflexo da grande aceitação no mercado dos profissionais formados como tecnólogos, especialmente pelo Senai. “Já vi relato de aluno, recém-matriculado, que ao postar no Linkedin, recebeu uma proposta de R$ 6.500. Ele não aceitou, sabiamente, pois não possuía experiência para a função, porém a empresa onde ele está lotado deu uma promoção para segurá-lo. Empresas multinacionais que tinham rejeição para cursos superiores de tecnologia, atualmente não tem nenhuma objeção. Esses cursos têm um grande diferencial, diferente dos bacharelados, já que nele os alunos realmente praticam com equipamentos de alta tecnologia nas suas possíveis áreas de atuação e saem realmente preparados para atuar no mercado de trabalho”, afirma.

Mercado cada vez mais aquecido
Constantemente, Frederico Rodovalho de Oliveira recebe mensagens de recrutadores e gestores solicitando por alunos do curso de graduação tecnológica em Logística. Coordenador deste curso superior na Faculdade Senai Fatesg, em Goiânia (GO), ele atribui isso à qualidade do ensino do Senai Goiás. Inclusive, essa característica foi o que o motivou a entrar na instituição, em 2012. “Sempre ouvi que era uma entidade respeitada, que valorizava as pessoas, sejam funcionários ou clientes. Dessa forma, não foi difícil decidir tentar uma vaga para docente. Quando eu aponto essa característica, quero enfatizar que o aluno que vem buscar conhecimentos para atuar no segmento logístico, certamente receberá informações, dicas e conhecimentos que farão sentido para ele quando estiver atuando no mercado. Assim, nós conseguimos atender uma exigência importante, que é disponibilizar um profissional que não precisa ser capacitado pela indústria, pois durante o curso, receberá os conhecimentos mais relevantes para atender as exigências do mundo do trabalho”, relata.
 
Defensor do curso superior em logística, Frederico ressalta que os profissionais formados na área são importantes peças na engrenagem das indústrias, exatamente por serem responsáveis por gerenciar, entre tantas atividades, a correta organização e movimentação dos estoques de matérias-primas e/ou de produtos acabados, por exemplo. Acrescenta, ainda, que a área cresceu e ganhou maior atenção da sociedade no período da pandemia da Covid-19. “Foi graças ao esforço de pessoas anônimas que não tivemos problemas sérios de desabastecimento. Então eu vejo que o mercado continua aquecido e está buscando por profissionais formados. Afinal um bom gestor logístico consegue produzir ganhos importantes para as indústrias, pois gerenciam recursos com eficiência, promovendo ganhos por meio da redução de desperdícios, por exemplo”, reforça.
 
Por fim, Frederico dá como dica às pessoas que estão interessadas em cursar logística ou outro curso de graduação tecnológica, que não esperem mais. “O mercado de trabalho está aquecido e os salários pagos estão melhorando constantemente. Nosso Estado vem recebendo muitas empresas que precisam de profissionais competentes e dedicados, por isso, recomendo que busquem se qualificar por meio da graduação o quanto antes”, conclui.
 

(Arte: Fernando Rafael)


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