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Política

Entenda a matemática por trás da eleição de vereadores em Goiânia

Número de cadeiras subiu de 35 para 37 | 29.09.24 - 07:59 Entenda a matemática por trás da eleição de vereadores em Goiânia Plenário da Câmara de Goiânia (Foto: divulgação)
Samuel Straioto

Goiânia -
 Com as eleições de 2024, os eleitores de Goiânia decidirão quem ocupará as 37 cadeiras da Câmara Municipal. Para partidos e candidatos, o desafio vai além de conquistar o voto popular: é necessário entender e superar o cálculo do quociente eleitoral, uma verdadeira corrida matemática que define a distribuição das vagas no Legislativo goianiense.
 
O aumento de 35 para 37 cadeiras pode parecer pequeno, mas suas implicações são significativas. Candidatos e partidos estão se movimentando estrategicamente para garantir os votos necessários e, eventualmente, conquistar mais assentos por meio das sobras eleitorais.
 
Em 2020, a Câmara Municipal de Goiânia contava com 35 cadeiras. No entanto, com o crescimento populacional, esse número subiu para 37, alterando o cálculo do quociente eleitoral — fator crucial para determinar a quantidade de votos necessária para eleger um vereador.
 
O que é o quociente?
Quociente eleitoral é a divisão do total de votos válidos (aqueles que não são nulos ou brancos) pelo número de cadeiras disponíveis. O resultado é a quantidade mínima de votos que um partido ou coligação precisa atingir para conquistar uma cadeira no Legislativo.
 
O professor da área de Direito Eleitoral, Alexandre Azevedo avalia que: "Essa conta é bastante complexa, porque depende do resultado das urnas. O quociente eleitoral é definido pela Justiça Eleitoral logo após a apuração dos votos, que são totalizados gradativamente. Apenas ao final do processo é possível saber quantas cadeiras cada partido vai conseguir ocupar."
 
Cálculo do quociente eleitoral
Nas últimas eleições, em 2020, com 35 cadeiras disponíveis e cerca de 673 mil votos válidos, o quociente eleitoral foi de aproximadamente 19.220 votos. Agora, com o aumento para 37 cadeiras, espera-se que o quociente diminua um pouco, considerando um número de votos válidos semelhante.
 
Se em 2024 houver 700 mil votos válidos, por exemplo, o cálculo seria:
700.000 votos válidos ÷ 37 cadeiras = 18.919 votos.
 
Isso significa que para um partido ou coligação garantir uma cadeira, precisará atingir ao menos 18.919 votos. Para cada vez que esse número for alcançado, uma vaga será conquistada.
 
O professor Alexandre Azevedo explica que "Os candidatos muitas vezes fazem projeções sobre quantos votos serão necessários para garantir uma cadeira, levando em conta o histórico de abstenção e votos nulos, que podem representar cerca de 30% do total de eleitores. Por isso, eles costumam calcular um valor aproximado com base no número de votos válidos em eleições anteriores”, argumentou. 
 
Desafios para os partidos
Para os partidos, o desafio não se resume a alcançar o quociente eleitoral. Eles precisam maximizar o número de cadeiras que podem conquistar. Para isso, é essencial ter uma chapa de candidatos competitiva e bem votada, capaz de somar votos suficientes não só para atingir o quociente eleitoral, mas também para disputar as vagas remanescentes — as chamadas sobras eleitorais.
 
A tática envolve, portanto, tanto o cálculo matemático quanto uma estratégia eleitoral. Candidatos com maior apelo popular ajudam a alavancar o desempenho de todo o partido.
 
"Mesmo com uma projeção, não há como ter certeza até que todos os votos sejam totalizados. O cálculo oficial só é divulgado pela Justiça Eleitoral após o encerramento da apuração de todas as urnas," alerta Azevedo.
 
Projeções para 2024
Em 2024, com 687 candidatos disputando as 37 cadeiras da Câmara Municipal, o cenário se mostra ainda mais competitivo. Partidos maiores tendem a conquistar mais cadeiras, principalmente aqueles que conseguem atrair um número significativo de votos para seus candidatos.
 
Por outro lado, partidos menores também podem garantir representação, desde que formem chapas competitivas e consigam atingir o quociente eleitoral. A presença de candidatos bem articulados, com forte apelo popular, será decisiva na composição da próxima legislatura.
 
Além disso, os partidos precisarão lidar com a dispersão dos votos entre tantos candidatos, o que pode dificultar a conquista de cadeiras e exigir ajustes nas estratégias.
 
"O cálculo do quociente eleitoral não é o único fator. As sobras eleitorais também podem garantir mais uma cadeira para partidos que ficaram próximos de atingir o quociente completo. Isso torna o processo ainda mais imprevisível e interessante," finaliza o professor Alexandre Azevedo.
 
O que são sobras eleitorais?
As sobras eleitorais são as vagas restantes após a distribuição inicial das cadeiras, quando o partido não alcançou votos suficientes para atingir o quociente eleitoral completo. As cadeiras que "sobram" são distribuídas entre os partidos que já conquistaram pelo menos uma vaga e que tenham uma quantidade expressiva de votos remanescentes.
 
O cálculo das sobras é feito da seguinte forma:
Quociente eleitoral: Divide-se o total de votos válidos pelo número de cadeiras disponíveis.
Distribuição das cadeiras: Os partidos que atingem o quociente eleitoral garantem suas vagas.
Distribuição das sobras: As cadeiras restantes (sobras eleitorais) são distribuídas entre os partidos que tenham alcançado ao menos 80% do quociente eleitoral.
 
Por exemplo, se um partido precisa de 18.919 votos para eleger um vereador, mas obtém 18.500 votos, ele pode disputar as cadeiras das sobras com outros partidos que também ficaram próximos do quociente eleitoral. Essa regra torna o sistema mais proporcional e permite que partidos menores, ou aqueles com votações mais fragmentadas, também tenham chances de garantir representação no Legislativo.

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