Samuel Straioto
Goiânia - A Prefeitura de Goiânia começou nesta terça-feira (29) os repasses financeiros para viabilizar o plano de reestruturação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). A primeira parcela, no valor de R$ 3,7 milhões, será destinada ao pagamento de dívidas trabalhistas, especialmente vinculadas ao FGTS, inclusive com valores em atraso.
Ao todo, o município vai transferir R$ 19,2 milhões nesta etapa inicial, com previsão de desligamento de 360 servidores e economia estimada de R$ 2 milhões mensais na folha da empresa.
Corte de despesas
De acordo com a Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz), o segundo repasse, de R$ 15,5 milhões, será realizado no próximo dia 20 de maio. Os recursos são parte do plano de ajuste aprovado em fevereiro pelo Comitê Permanente de Controle de Gastos do Município, que visa equilibrar financeiramente a Comurg.
A estimativa da Prefeitura é que o desligamento dos 360 funcionários proporcione uma redução de aproximadamente R$ 2 milhões mensais nos gastos com salários, encargos e impostos. Isso significa que, em dez meses, a economia gerada deve compensar os valores investidos na rescisão dos contratos.
Metas
A Comurg acumula, historicamente, déficit financeiro e altos índices de comprometimento com folha de pagamento. A atual gestão assumiu com a promessa de reestruturar a companhia, reduzir cargos e melhorar a eficiência administrativa. Uma das metas é alcançar a sustentabilidade financeira a partir do segundo semestre de 2026.
De acordo com o plano aprovado, a Prefeitura prevê repassar até R$ 190 milhões à companhia em 2025. Desse total, R$ 100 milhões serão destinados a acertos trabalhistas com até 692 servidores que têm condições de aposentadoria. Outros R$ 45,3 milhões estão reservados para precatórios e requisições de pequeno valor, e R$ 45,2 milhões serão usados para cobrir o déficit operacional da estatal.
Redução de comissionados
Nos três primeiros meses de 2025, a Comurg já havia reduzido em quase R$ 42 milhões os gastos com pessoal em comparação ao mesmo período do ano anterior — uma queda de 33%. Entre as medidas adotadas estão a extinção de gratificações, diminuição de cargos comissionados e corte de chefias.
Em dezembro de 2024, a companhia contava com 532 servidores em cargos comissionados. Em janeiro, esse número caiu para 120. Atualmente, são apenas 102 comissionados em atividade, o que representa um recuo de aproximadamente 77% em relação ao final do ano passado.
Variação de gastos
Mesmo com as medidas adotadas, a despesa com folha de pagamento segue oscilando. Em janeiro, os gastos chegaram a R$ 30 milhões, caíram para R$ 24 milhões em fevereiro e voltaram a subir em março, fechando o mês em R$ 28 milhões. A assessoria da Comurg informou que essas variações são normais e resultam de fatores como férias, afastamentos e pagamentos sazonais.
A liberação dos R$ 190 milhões não será feita de uma só vez. Os repasses ocorrerão gradualmente, conforme a empresa avance na execução do plano de ajustes e comprove a necessidade dos recursos. Segundo a Prefeitura, a liberação está condicionada ao cumprimento de metas administrativas e à efetiva reestruturação da empresa.
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Sede da comurg em Goiânia (Foto: divulgação)
