Adriana Marinelli
Goiânia - "De plantão pelo Brasil". Foi assim que o senador Wilder Morais (PL-GO) definiu sua presença no plenário vazio do Senado, na madrugada desta quinta-feira (7/8), em meio à mobilização que tem impedido o funcionamento da Casa desde a última terça-feira (5/8). É a segunda madrugada consecutiva em que parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro ocupam o espaço como forma de obstrução.
A medida tem como principal objetivo pressionar a inclusão do chamado “Pacote da Paz” na pauta do Congresso. O conjunto de propostas defendido por parlamentares bolsonaristas inclui anistia ampla aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o fim do foro privilegiado.
Além disso, a mobilização é uma resposta à recente decisão de Moraes que determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro. O ministro entendeu que o ex-presidente descumpriu restrições judiciais ao publicar mensagens de agradecimento nas redes sociais a apoiadores que participaram de atos pró-Bolsonaro no domingo (3/8).
No plenário, os senadores têm se revezado na ocupação. "Defesa coletiva da direita pela liberdade e pela democracia", postou Wilder com um vídeo ao lado do senador Flávio Bolsonaro.
Mesmo com a resistência, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), decidiu manter os trabalhos da Casa. A sessão deliberativa desta quinta-feira foi convocada de forma remota, segundo ele, para “garantir o funcionamento da Casa e impedir que a pauta legislativa seja paralisada”. “Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à Presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento”, disse Alcolumbre por meio de nota.
Na Câmara dos Deputados, a oposição também chegou a impedir os trabalhos durante um tempo, mas o presidente da Casa, Hugo Motta, conseguiu abrir e encerrar a sessão de quarta-feira (6/8), mesmo diante da resistência. Em discurso, reforçou que “o País deve estar em primeiro lugar e não projetos pessoais.”