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Eliane de Carvalho
Eliane de Carvalho

Jornalista formada pela UFG, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), onde mora há 5 anos / eliane@aredacao.com.br

Internacional

Desafios da América Latina em 2012

Desaceleração e política sacode região | 03.01.12 - 00:07

Nos últimos anos, acostumamos a ouvir que os países que compõem a América Latina não são parte do problema, mas sim da solução para a crise econômica internacional. A região cresceu impressionantes 6%, em 2010. A classe média passou a representar mais de 55% das populações dos países da região.  Mas a previsão para 2012 aponta um desempenho de 3,7%, abaixo dos 4,3% previstos para 2011, segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal). Os altos índices de inflação voltam a assombrar muitos países, como o Brasil. A desaceleração do preço das commodities terão repercussão e acontecimentos políticos e sociais devem sacudir a rotina da região.   

Boa parte das atenções estará voltada para as eleições presidenciais, em outubro,  na Venezuela. Hugo Chávez detém o apoio de quase 50% do eleitorado, mas este respaldo começa a minguar e vai depender, fundamentalmente, da energia que ele poderá empregar na campanha, em função do câncer. Se a oposição se unir em torno de um nome, nas primárias de fevereiro, o desafio de Chávez será ainda maior.

O cenário econômico também não sopra a favor do líder bolivariano. Estagnação e inflação, além do crime e corrupção pesam contra.

Em Cuba, não haverá eleições, mas uma mudança no comando político venezuelano poderá refletir consideravelmente na economia do país, que depende em boa medida dos subsídios concedidos por Chávez.

No Chile, as manifestações contra o custo do ensino superior conferem importância extra às eleições municipais.  Os protestos revelaram o descontentamento com a desigualdade social, no país, e podem ter um efeito dominó, em outras partes da região.  A economia chilena deverá apresentar um desempenho entre 4 e 5%, em 2012, muito em função dos investimentos em mineração, que não deverão aplacar a insatisfação da sociedade.

No México, as eleições presidenciais também devem exigir mais trabalho dos analistas políticos, com a provável volta do Partido Revolucionário Institucional ao poder (PRI). O partido governou o país por 71 anos, sob muitas denúncias de fraude eleitoral, até perder o reinado para o Partido da Ação Nacional (PAN), em 2000, que repetiu a façanha seis anos depois.

Tudo indica que o candidato do PRI à presidência será Enrique Peña Nieto, que encerrou mandato de seis anos à frente do Estado do México, o maior do país, e se tornou conhecido e popular.  

O país sobreviveu à recessão e a economia dá sinais de recuperação com exportações recordes para os Estados Unidos, mas o emprego ainda não recuperou o número de postos anteriores à crise. O narcotráfico e os índices de violência assustam os mexicanos. Desde 2007, quando começou a repressão à máfia das drogas, mais de 40 mil pessoas foram mortas.

Na Argentina, a vitória avassaladora de Cristina Fernández de Kirchner, em outubro, não amenizará o grande desafio do segundo mandato da presidente: priorizar o crescimento, sem perder o controle da inflação.

Altos e baixos do Brasil                               
No Brasil, a presidente Dilma Rousseff terá um desafio semelhante. A inflação, que já está acima do teto de 6,5%, estipulado pelo Banco Central, sofrerá uma pressão ainda maior com o aumento de 14% do salário mínimo, a partir de janeiro.

Com as eleições municipais de outubro, os políticos não estarão interessados em reformas impopulares, que exigirão esforços extras dos novos ministros, depois que a presidente concluir a reforma. Esta limpeza ministerial evidencia outro grande problema nacional: a corrupção.

O Brasil termina o ano como a sexta economia mundial, atrás dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França.  O projeto nacional está baseado nas transferências governamentais para os pobres, que geraram consumo e oportunidades para investimentos. Incentivos fiscais para o setor privado e aumento dos gastos públicos, que resultaram em mais produtividade, transferida para os salários.

Como em toda América do Sul, o preço elevado das matérias primas, demandadas fortemente pela China e Índia, teve uma participação significativa, no crescimento econômico. A dependência da economia chinesa é um dos riscos apresentados por muitos analistas. No Brasil, a balança comercial teve superávit, exportamos mais matérias primas do que compramos, mas importamos mais produtos manufaturados do que vendemos.

Tudo isso é real, mas ainda contrasta com um país, onde a metade da população vive sem esgoto. Apenas um exemplo para não perdermos de vista o tamanho do desafio do país, em que queremos viver.


Comentários

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  • 05.10.2012 12:54 Jorge airotciv araujo

    Olá Eliane de Carvalho, muito bom os artigos e seu ponto de vista , expressado em palavras claras. Sua coluna tem me ajudado em trabalhos da faculdade em RI. Sucesso. Jorge araujo.

  • 05.01.2012 09:03 Gabriela

    Muito boa análise!

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Jornalista formada pela UFG, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), onde mora há 5 anos / eliane@aredacao.com.br

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