Para adicionar atalho: no Google Chrome, toque no ícone de três pontos, no canto superior direito da tela, e clique em "Adicionar à tela inicial". Finalize clicando em adicionar.
Carta pede julgamento justo para indiciados | 06.06.13 - 11:44
(Foto: reprodução/Facebook) Michelle Rabelo
Goiânia - Um nota com palavras de dor, revolta e saudade além de um pedido firme de um julgamento justo para os indiciados pela morte do advogado Davi Sebba Ramalho foi divulgado por familiares da vítima na manhã desta quinta-feira (6/6).
O documento foi publicado na página do Facebook "Justiça por Davi!", que tem 7.845 membros. Desde a morte do advogado, o grupo tem postado comentários e homenagens em indignação com o crime, que aconteceu na noite do dia 5 de julho de 2012. Leia nota na íntegra.
Inquérito
A nota foi enviada à imprensa logo depois da conclusão do inquérito que resultou em um processo criminal contra quatro policiais militares, indiciados por homicídio. O término das investigações foi divulgado na tarde de terça-feira (4/6) e, segundo a Polícia Civil, há ainda a possibilidade de responsabilização de outras pessoas por crimes como falso testemunho.
Davi foi pai do primeiro filho, o menino Gabriel Davi, no dia em que morreu. Ele foi baleado após ser abordado por policiais militares no estacionamento do hipermercado Carrefour Sudoeste, na avenida T-9, em Goiânia.
A família classifica a forma pela qual perderam Davi como "abrupta, inesperada, violenta e injusta", alegando que ainda hoje encotram dificuldades na reconstrução total de suas vidas.
"A família sofre também pelo temor das ameaças e intimidações. Face à insegurança e o risco à sua integridade física, os familiares mais próximos de Davi tiveram que se deslocar para fora de Goiânia", aponta a nota.
Diferentes versões
Um dos pontos fortes do documento é a versão dada pelos policiais envolvidos no crime de que Davi teria ido ao supermercado comprar drogas, informação que ainda não foi descartada pela polícia.
Segundo o delegado Murilo Polati Rechinelli, titular da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH) de Goiânia, e responsável pelo caso, há divergências nos autos, já que o inquérito foi prejudicado pela falta de algumas provas periciais, perdidas no início das investigações.
A família de Davi diz que desde a morte do advogado tem convivido com uma tentativa de desmoralização e estigmatização da imagem da vítima. "As supostas informações sobre Davi, que têm sido veiculadas pelos policiais envolvidos em seu assassinato, não correspondem à verdade", traz uma parte da nota.
Inquérito
Sobre a conclusão do inquérito e os quase 11 meses de investigações, a família diz que o que importa é reconhecer o empenho e a seriedade com a qual o delegado Murilo Polati conduziu todo o processo.
Eles acham que "nesse último período, os esforços para a apuração fiel dos fatos deram nova dinâmica às investigações, o que proporcionou a reunião de um conjunto robusto de elementos, que deve se mostrar suficiente para a futura condenação dos policiais envolvidos na morte de Davi".
A nota traz a informação de que desde o início das investigações as evidências não deixaram nenhuma dúvida sobre a falta de sustentação da versão construída pelos policiais militares envolvidos no crime.
O inquérito mostra que não houve troca de tiros e que Davi foi mesmo morto pelos militares. A bala que tirou a vida do advogado saiu da arma do soldado Jonathas Atenevir Jordão.
Outro ponto citado na nota é que a testemunha seria forjada, já que o suposto comprador “prestou três depoimentos completamente contraditórios
sempre em defesa dos policiais envolvidos”. Segundo Polati, há ainda a possibilidade de responsabilização de outras pessoas por crimes como falso testemunho.
O documento também cita o pedido do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, para que as investigações penais sobre crimes decorrentes de violência policial praticada em Goiás sejam federalizadas.
Na carta, a afirmação é de que a situação de violência policial é profundamente agravada pela fragilidade com que as instituições atuam no Estado.
Um ano
"O que os familiares de Davi querem é a apuração exemplar do crime, para que prevaleça a justiça, seja na esfera do estado de Goiás, seja no âmbito federal. E que haja um julgamento justo para esses criminosos que deixaram pai e mãe sem um filho, uma esposa de 20 anos viúva, e um filho recém nascido órfão", finaliza a nota.
"Hoje (5/6) fazem 11 meses que o Davi foi brutalmente retirado de nosso convívio. Daqui a um mês, seu filho Gabriel Davi, que ele não pôde conhecer, completará um aninho. O Inquérito da Delegacia de Homicídios está concluído, mas ainda falta um longo caminho até a conclusão do processo. Vamos continuar acompanhando para que esse crime seja julgado e tenhamos Justiça por Davi", postou o irmão do advogado na página do grupo.