Adriana Marinelli
Goiânia - O advogado Davi Sebba Ramalho (foto) foi mesmo vítima de execução. É o que aponta o inquérito, de quase 800 páginas, apresentado à imprensa, na manhã desta quinta-feira (6/6), pelo delegado titular da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), Murilo Polati Rechinelli.
Durante entrevista coletiva, o delegado deixou claro que a droga encontrada dias depois no local da execução, assim como a arma recolhida do banco da vítima, foram plantadas.
Conforme ressaltou, após Davi ser baleado, o veículo que ele conduzia bateu em um objeto fixo. "A arma estava em cima do banco. Isso seria impossível. É física", afirmou, ressaltando que todos os outros objetos que estavam no carro e também o corpo da vítima foram lançados para frente.
Sobre a autoria do crime, as investigações, que duraram quase onze meses, apontam que foi mesmo o soldado Jonathas Atenevir Jordão quem apertou o gatilho na noite do dia 5 de julho.
Quando assumiu o caso, o delegado chegou a suspeitar que o tiro que matou o advogado teria sido disparado pelo tenente Ednailton Pereira de Souza, que também participou da abordagem.
Durante a coletiva, Polati reforçou que a versão apresentada pelos policiais não condiz com a realidade dos fatos. "As investigações também apontam que a cena do crime foi totalmente alterada." Ainda de acordo com o titular da DIH, pelo menos sete disparos foram efetuados durante a abordagem, sendo que um atingiu Davi.
PMs indiciados
Concluído no início desta semana, o inquérito da morte do advogado resultou em processo criminal contra quatro policiais militares, indiciados por homicídio. Há ainda a possibilidade de responsabilização de outras pessoas por crimes como falso testemunho, conforme ressaltou Murilo Polati.
Foram indiciados por homicídio os soldados Jonathas Atenevir Jordão e Luiz Frederico de Oliveira e o tenente Edinailton Pereira de Souza.
O crime
Davi foi executado por volta das 19 horas do dia 5 de julho de 2012. O crime aconteceu no estacionamento do hipermercado Carrefour Sudoeste, na avenida T-9, em Goiânia.
Os militares chegaram a afirmar que Davi teria reagido à abordagem, versão contestada pela Polícia Civil (PC). Os assassinos alegaram suspeita de que haveria comercialização de drogas no local, mas, segundo o inquérito, o tablete de maconha encontrado nas proximidades do hipermercado foi plantada.