Atuando diretamente na elaboração de processos de licitações, percebo, na prática, como a contabilidade é indispensável para garantir eficiência, legalidade e transparência na administração pública. Não se trata apenas de números em planilhas: a contabilidade é um instrumento de governança que dá vida à gestão pública responsável, assegurando o equilíbrio das contas e fortalecendo a confiança entre sociedade e instituições.
No âmbito legislativo, a contabilidade é o alicerce que sustenta o planejamento e a execução orçamentária. É por meio dela que se assegura o cumprimento da Constituição Federal, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e das normas de finanças públicas. Cada relatório contábil representa mais do que dados financeiros: traduz a seriedade do compromisso do gestor público com a ética, a legalidade e a boa aplicação dos recursos que pertencem à população. Nesse sentido, o contador atua como guardião da conformidade legal e como parceiro estratégico na formulação de políticas públicas viáveis.
Nas licitações, esse papel se intensifica. A nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021) reforça a importância da avaliação técnica, da estimativa de preços de mercado e da economicidade em cada processo. Todas essas etapas dependem diretamente de um trabalho contábil criterioso. Sem a análise de custos, não é possível assegurar que os certames sejam conduzidos de forma justa, competitiva e vantajosa para o poder público. Além disso, a contabilidade fornece subsídios que atuam como barreira contra fraudes, sobrepreços e desperdícios, reforçando a lisura de cada etapa do processo licitatório.
Outro ponto essencial é a transparência. Trabalhar com licitações me permite enxergar que cada contrato firmado não é apenas um ato administrativo, mas um reflexo do esforço do contribuinte. A contabilidade traduz esse esforço em relatórios e indicadores que tornam as informações acessíveis e compreensíveis para toda a sociedade, favorecendo o controle social. É nesse espaço que o contador se torna protagonista, garantindo que os cidadãos possam acompanhar, fiscalizar e confiar na aplicação dos recursos públicos.
Por isso, defendo que o profissional da contabilidade ocupa posição estratégica tanto no Legislativo quanto nas licitações. Nosso trabalho vai além do cumprimento das normas: é a garantia de que o interesse coletivo prevaleça, de que a gestão pública seja íntegra e de que a confiança da sociedade nas instituições seja constantemente fortalecida. Ao assumir esse protagonismo, a contabilidade se afirma não apenas como ciência, mas como pilar da governança pública.
Ao escrever sobre esse tema, não falo apenas de teoria, mas da prática diária de quem vivencia os bastidores das licitações e sabe que sem a contabilidade não é possível alcançar resultados justos e sustentáveis. Ela é, de fato, o elo que garante a boa governança e o respeito ao cidadão.
*Danielle Leal, contadora, é conselheira do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRCGO)