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Avenida Goiás e o marco do ar de modernidade na capital

Via faz parte do projeto original da cidade | 25.03.22 - 21:19
Avenida Goiás e o marco do ar de modernidade na capital (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)Carolina Pessoni
 
Goiânia
– Eixo principal do Centro de Goiânia, a Avenida Goiás é mais do que uma via de trânsito. Juntamente com as avenidas Araguaia e Tocantins, ela faz parte do traçado original dos primórdios da nova capital de Goiás, projetada pelo arquiteto e urbanista Attilio Corrêa Lima na década de 1930.
 
Hoje, voltada para o comércio e com uma representatividade histórica, a Goiás, como é carinhosamente chamada pelos goianienses, foi o marco do ar de modernidade que a nova capital deveria passar, segundo os planos do interventor e idealizador de Goiânia, Pedro Ludovico Teixeira. Entre as principais características que deveriam passar essa ideia, estão as avenidas largas e o urbanismo.
 

Avenida Goiás na década de 1950 (Foto: Hélio de Oliveira)

O projeto de construção deste traçado está influenciado pela ideia de conceber uma percepção de progresso, conforme explica a historiadora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, Renata Silva de Oliveira Galvão. “Há uma projeção intencional no traçado da avenida que traz essa ideia de desenvolvimento. Para isso ficar mais emblemático, o projeto tem muita influência da art déco. Avenidas largas, prédios modernos, paisagismo pensado... tudo isso traz uma ideia muito própria daquele momento que é o embelezamento das vias, pensando num novo ritmo do espaço urbano, que não é mais aquele bucólico, de ruas estreitas que era característico das cidades coloniais", descreve. 
 
Além do ar inovador, a Avenida Goiás foi projetada, de maneira intencional, para ser a principal da cidade. “Ela está no meio das duas outras avenidas que também foram traçadas juntas e tem uma representatividade de centralidade do espaço e que conecta o que era ferrovia com o novo centro administrativo do estado, além de possuir paisagismo diferenciado das outras duas. É uma importância construída para representar uma determinada ideia daquele momento de transferência da capital”, destaca Renata.
 
A assessora de relações institucionais do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO), Maria Ester de Souza, afirma que o desenho do Centro de Goiânia tem na Avenida Goiás o seu eixo principal. “Era um passeio público, um ponto de encontro onde todo mundo se reunia. É um verdadeiro símbolo da nova cidade”, diz.
 
A arquiteta e urbanista explica ainda que o projeto era revolucionário para a época em que foi implantado. “É a representação do planejamento urbano moderno. Naquele tempo, ter uma avenida de 50 metros de largura, com espaços dedicados a jardins, planejado como um boulevard, era impensável.”
 
Com o tempo e as demandas diferentes da cidade, as pessoas foram deixando o centro. “Como um jardim, um lugar de encontro, a Goiás perdeu a sua função. Os carros mudaram muito a rotina e a Praça Tamandaré passou a ser o lugar dos passeios de automóvel. Isso fez com que o Centro perdesse sua atratividade”, explica Maria Ester.
 
Assim, a via passou, aos poucos, a ter um caráter comercial, inclusive com a realização da Feira Hippie, nos anos 1980, quando artesãos e artistas de diversos segmentos deram um ar cultural à via. Com a transferência da feira para a Praça do Trabalhador, o comércio se acentuou e barracas de ambulantes se instalaram nos canteiros centrais.
 
Em 2004 a avenida foi tombada como patrimônio histórico e artístico pelo Iphan, juntamente com outros prédios e monumentos da cidade. Parte dos símbolos históricos de Goiânia também estão localizados na Avenida Goiás, como o coreto da Praça Cívica, relógio, Grande Hotel, o Bandeirante (no cruzamento com a Avenida Anhanguera), além dos vários edifícios em art déco característicos do início da cidade.
 
Em 2002 a avenida foi fruto de um concurso de projeto realizado pela Prefeitura de Goiânia que premiou o arquiteto e urbanista Jesus Cheregati para o desenvolvimento de um projeto paisagístico implantado no ano seguinte. Nesta época, a avenida era tomada pelos camelôs e com a requalificação os feirantes se reestabeleceram no Mercado Aberto da Avenida Paranaíba e na Praça do Trabalhador.
 
O projeto redesenhou a Avenida Goiás, que foi revitalizada com instalação de bancos, luminárias no estilo art déco, pergolados, além de ipês que foram plantados nos canteiros centrais. “A revitalização tirou os ambulantes e fez com que a avenida voltasse a ser um lugar de passeio, caminhada, de uso da população”, ressalta a assessora do CAU-GO.
 
 Para Maria Ester, mesmo depois de 89 anos, a avenida Goiás deve ser considerada um símbolo de Goiânia. “Para mim, é a avenida mais importante, mais charmosa e mais moderna da cidade. Sou apaixonada por ela.”
 
A historiadora Renata Silva ressalta que atualmente, a via tem uma importância representativa, com traçados e bens edificados que foram tombados porque representam o processo da gestão que construiu Goiânia. “Agora ela tem uma representatividade de monumento, esse viés que foi patrimonializado institucionalmente para referenciar um momento histórico. Ela tem uma importância atual comercial, mas é multifacetada. O processo histórico vai reconstruindo o significado dos espaços”, diz.
 
Segunda casa
O comerciante Renato Araújo Porto vê a Avenida Goiás como sua casa. Ele é proprietário de uma lanchonete que funciona na via há 32 anos, entre a Avenida Anhanguera e a Rua 3. “Estou lá todos os dias, de segunda a sábado, a partir das 5 horas da manhã. Assim que casei, montei esse comércio e é de onde tiro meu sustento até hoje”, conta.
 
Renato diz que muitas vezes passa mais tempo na Goiás na sua residência e que viu muitas transformações no local. “Estou lá desde quando a Feira Hippie funcionava por ali. Depois as coisas foram mudando, vieram os ambulantes e depois a revitalização, que deixou ela bem mais bonita, tirou a poluição visual".
 

Renato Araújo Porto tem uma lanchonete na Avenida Goiás há 32 anos (Foto: Letícia Coqueiro)

Na lanchonete, trabalham ainda a sua esposa e um ajudante, que atendem clientes fiéis todos os dias. “Mais que clientes, tenho amigos que vão para lanchar, bater um papo. É uma clientela fidelizada que fizemos aqui e somos muito felizes por isso.”
 
Ele afirma que tem um carinho muito grande pela Avenida. “Sou muito grato a Deus, porque é daqui que eu tiro o meu sustento, foi com o trabalho aqui que formei meus filhos. Não pretendo sair daqui tão cedo, só mesmo quando eu me aposentar.”


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