Carolina Pessoni
Goiânia - No Setor Aeroporto, região central de Goiânia, está localizada uma das mais belas igrejas da capital. Um olhar menos atento para a região da Praça do Avião talvez deixaria passar despercebida a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, que está entre as mais tradicionais da cidade.
Com estrutura de concreto aparente e desenho com formas arredondadas na fachada, o prédio poderia se passar facilmente por uma locação comercial. O seu interior, entretanto, guarda belezas de arquitetura, luzes e cores surpreendentes.
A história da paróquia começa por volta dos anos 1950, com um documento de D. Emmanuel Gomes de Oliveira que autorizou a fundação de uma Casa da Ordem em Goiânia, e as atividades seriam a fé e o ensino, conforme detalha o livro "Resenha Histórica - Vicariato da Província de Castela no Brasil", de Pe. Eládio Gutiérrez. Para as atividades religiosas, já havia a Capela de Aparecida de Goiânia, a Capelania das Irmãs Agostinianas e a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, que eram coordenadas pelos padres Alípio Martínez e Angel Franco.
Pe. Alípio se lançou ao trabalho de procura e aquisição da área para um futuro colégio e igreja matriz. Com a falta de recursos, a solução possível foi tentar junto ao Estado ou município a doação do terreno.
Foi, então, que conseguiu o apoio do governador do Estado à época, Pedro Ludovico Teixeira, e de seu vice, Jonas Duarte, para introduzir na Assembleia Legislativa o projeto de lei para a doação de uma área no Setor Aeroporto. A sugestão do espaço no Setor Aeroporto para a construção do colégio e da igreja foi do próprio governador.
Mapa com a localização dos lotes ocupados pela Igreja Nossa Senhora de Fátima e pelo Colégio Agostiniano (Foto: Reprodução/Livro "Resenha Histórica - Vicariato da Província de Castela no Brasil")
A lavratura da escritura de doação da área que compreendia os lotes 5 e 9 da quadra 42-A se deu no dia 20 de dezembro de 1955. Posteriormente, com ajuda de verbas do Estado e da Federação, foram adquiridos os lotes 11 e 12 da Avenida X, de 13 a 16 da Praça Santos Dumont e de 17 a 21 da Avenida K.
Em 1958, quando o colégio começou a ser construído, foram comprados os lotes 4 e 6 da Rua 6-A e posteriormente, entre 1963 e 1965, os lotes 2, 3, 7 e 10. Depois, houve a troca do lote 19 pelo 9. A área total tem cerca de 16 mil m². Atualmente estão construídos nela o primeiro Colégio Agostiniano, a Igreja Nossa Senhora de Fátima, o Centro Social e o novo colégio com o auditório e as quadras de esporte.
Arquitetura
O projeto da Igreja Nossa Senhora de Fátima foi feito em 1970, pelo arquiteto paulista Siegbergt Zanettini, inspirado na Igreja Dom Bosco, de Brasília. Zanettini utilizou o concreto armado aparente como contraponto a grandes vitrais verticais criando uma sequência de cheios e vazios que geram uma espécie de “pele” contínua, na sua fachada frontal.
Este estilo arquitetônico é chamado de brutalismo, marcado pela utilização dos elementos que aparentam ser do que realmente são feitos, neste caso concreto e vidro. Nas outras superfícies de fechamento, no entanto, é adotada uma solução diferente, a partir de placas de concreto aparente, intercaladas por placas de vidro.
(Foto: Reprodução/Facebook)
O interior da igreja também possui essa variação nas superfícies. Um painel texturizado de concreto aparente e metal divide a nave da igreja, que tem uma composição de vidro ao fundo, refletindo os vitrais. A estrutura reticulada da cobertura reticulada também é aparente.
Os vitrais foram fabricados pelo artista belga, Hubert Van Doorne. Vistos por fora, não transmitem a mesma beleza e intenção arquitetônica e artística quando são vistos por dentro. A luz que passa através deles muda a percepção interna, a depender da hora do dia.
Foto: Divulgação
