Carolina Pessoni
Goiânia - Ao lado da Praça do Cruzeiro, no Setor Sul, um grande painel em tons de azul chama a atenção. Embora pareça uma galeria de arte, o que funciona ali é uma das escolas mais tradicionais de Goiânia, o Instituto Maria Auxiliadora.
A história do colégio começa em 24 de fevereiro de 1956, quando as freiras denominadas Filhas de Maria Auxiliadora chegaram a Goiânia. O grupo veio para a capital recém inaugurada para fundar o Instituto Maria Auxiliadora, uma escola destinada à educação da juventude, sobretudo a mais carente.
As irmãs moraram durante cerca de seis meses no número 39 da Avenida Tocantins, no Centro. Foi numa casa de família, cedida pelos pais da irmã salesiana Lília Borges Cruvinel, que iniciou o funcionamento do instituto com 21 alunas no curso elementar.
No dia 7 de maio de 1957, o Instituto Maria Auxiliadora passou a funcionar no atual prédio, que ainda estava em construção. Neste ano, a escola atendeu cerca de 270 alunas distribuídas em cinco classes do curso elementar, que eram regidas pelas Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora.
Imagem de Nossa Senhora Auxiliadora está presente no pátio da escola (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
O Instituto Maria Auxiliadora é uma instituição de ensino confessional católica, vinculada à Rede Salesiana Brasil de Escolas. Juntamente com os Salesianos de Dom Bosco (SDB), as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) são engajadas na propagação do carisma de Dom Bosco e Madre Mazzarello.
O nome da escola foi uma escolha com base na devoção de Dom Bosco a Nossa Senhora Auxiliadora, conforme explica a diretora institucional, irmã Mônica. "Este título de 'Auxiliadora' foi conferido pelos italianos à Nossa Senhora no pós-guerra, pelo auxílio à reconstrução do país. Toda a educação salesiana tem a mesma devoção", ressalta.
Atualmente a escola tem 700 alunos que cursam da educação infantil ao nono ano. "Grande parte dos nossos alunos são filhos de ex-alunos ou indicados por eles", diz a diretora pedagógica, Denise da Silva Bicego, que trabalha no instituto há oito anos, sendo seis nesta função.
(Foto: Acervo Instituto Maria Auxiliadora)
Para a diretora, a longevidade da escola se deve à sua principal filosofia, o sistema preventivo de Dom Bosco. "Eu diria que é o carro-chefe, a alma da escola. É cuidar do jovem atuando na prevenção, promovendo a proximidade do colégio com os alunos em todos os aspectos. Todos os colaboradores são vistos como educadores."
Denise ressalta ainda que o pátio é a principal sala de aula da escola, onde são trabalhados os valores humanos. "É nosso principal espaço. Todos os dias temos o momento da acolhida, com os colaboradores espalhados pelo espaço, exercitando a convivência. É nesta ocasião que tocamos o hino da escola, são feitas comemorações, momentos de oração, enfim, um momento de socialização entre alunos, pais e colaboradores", diz.
A religiosidade, como não poderia deixar de ser, faz parte da vida diária da escola. A capela é um espaço permanentemente aberto à visitação de pais, alunos e colaboradores. "Os elementos da religião católica estão presentes o tempo todo, mas nada é imposto, tudo acontece de uma forma natural, tanto que temos alunos e colaboradores de diversas outras religiões", destaca Denise.
Diretora pedagógica, Denise da Silva Bicego (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
A inclusão também se dá nos projetos filantrópicos da escola, como, por exemplo, o benefício de bolsas de estudo para alunos de baixa renda. "Entretanto, ninguém sabe qual aluno é bolsista e isso é feito para que todos tenham o mesmo tratamento e atenção, como é feito diariamente", explica a diretora.
Para Denise, a tradição da escola vem ao testemunho de quem passa pelo Instituto Maria Auxiliadora. "A escola não tem um departamento de marketing ou investe em grandes propagandas, e mesmo assim temos uma ótima procura. O ensino salesiano cumpre o que se propõe e aqui conseguimos manter a essência desde a sua fundação", diz.
O olhar preventivo da diretora não está presente só na sua atuação dentro da escola. "É inevitável levar essa visão diferenciada para nossas vidas. Quando vim trabalhar aqui me disseram que só vivendo para entender o que é a escola e eu percebi isso na prática. A gente vive o que Dom Bosco fala e aprendemos diariamente", ressalta Denise.
Painel artístico
De autoria do artista plástico DJ Oliveira, o painel retrata o sonho dos nove anos de Dom Bosco na educação dos jovens. A primeira versão da obra era feita em pintura e o atual painel, inaugurado em 23 de setembro de 1996, foi feito com pintura em revestimento.
"O painel retrata o sonho de Dom Bosco de forma artística. Podemos dizer que é uma das grandes pérolas entre as obras de DJ Oliveira e é de extrema importância para nossa escola", destaca irmã Mônica.
Painel de DJ Oliveira é a fachada do Instituto Maria Auxiliadora (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
A diretora institucional explica que a obra de arte foi feita em convênio com uma fábrica de revestimentos. O artista plástico elaborou todas as peças e pintou uma a uma.
O painel retrata o pensamento educativo de Dom Bosco. Nos desenhos é possível ver animais ferozes transformados em cordeiros dóceis. "Mostra a evangelização dos jovens, estando ao lado deles com bondade, firmeza e doçura. É o retrato da educação salesiana", afirma irmã Mônica.