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Lambe-Lambes retratam passado e presente em fotografias 3x4

Cabines estão ao redor da Praça Cívica | 15.03.24 - 09:29
Lambe-Lambes retratam passado e presente em fotografias 3x4 Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Carolina Pessoni
 
Goiânia - Nas proximidades da Praça Cívica, no Centro de Goiânia, prédios públicos e históricos compõem a paisagem. Nas calçadas, principalmente nas esquinas das avenidas Araguaia e Goiás, cabines de metal de diversas cores também ajudam a formar o cenário já tão comum a quem circula pelo local.
 
Do lado de fora das pequenas estruturas metálicas, placas com dizeres "Foto digital aqui", "3x4", "5x7" anunciam que o serviço fica pronto em cinco ou até mesmo três minutos. As bancas de fotos rápidas ficaram popularmente conhecidas como 'lambe-lambes' e se tornaram uma tradição da região central da cidade.
 
Os fotógrafos ficam na frente de cada cabine e, por vezes, oferecem o serviço às pessoas que passam. A estrutura simples conta com uma câmera fotográfica, impressora, banquinho e um fundo branco, padrão para as fotos de documentos.
 
Comum em todo o país, a fotografia de rua se popularizou no Brasil com a exigência de um retrato em 3x4 impresso na Carteira de Trabalho, por volta da década de 1930. Com isso, os pequenos estúdios se espalharam por sua praticidade e valores mais populares. 
 

Fotógrafo com a câmera lambe-lambe ou caixote (Foto: Acervo Digital-MIS)
 
Há 35 anos atuando na região da Praça Cívica, o fotógrafo de rua Rodrigo Praxedes Sales confirma que grande parte de seus clientes procurava as cabines para as fotos de documento. "Quando o Ministério do Trabalho era aqui do lado, muita gente vinha tirar foto para a carteira de trabalho. Hoje não precisa mais, porque é tudo digital, mas a maioria da nossa clientela era para isso."
 
A sua banca, que hoje funciona na Avenida Goiás e oferece fotos prontas em cinco minutos, é uma das mais antigas da região. "Eu fui o último que ainda trabalhou com aquela cabine de retrato em preto e branco. Antes esperávamos 15 minutos para revelar as fotos, hoje em dia é tudo digital, na hora", pontua.
 
Nádia Barbosa atua há 8 anos em uma banca quase na esquina da Praça Cívica com a Avenida Goiás, mas a história deste ponto é muito mais antiga. "Essa cabine era do meu sogro, que trabalhou aqui por mais de 40 anos. O nome dele era Sinomar de Souza e foi ele quem ensinou os outros que chegaram aqui a fazer a mesma coisa", conta.
 

Cabine de fotos na região da Praça Cívica (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
Com a morte do sogro, Nádia deixou o emprego de operadora de caixa para assumir o negócio, que se tornou uma herança de família. "Meu esposo é vigilante e não podia ficar na banca, então eu assumi. Parte do sustento da nossa casa vem daqui."
 
O que já foi um negócio lucrativo, hoje vive a queda do movimento e da clientela. Com a criação de documentos digitais, popularização dos preços das fotos em estúdios profissionais e diminuição da concentração de serviços públicos no Centro da cidade, o que era uma tradição pode estar se perdendo.
 
"Hoje a gente atende uma média de 10 clientes por dia", contabiliza Nádia. Para Rodrigo a situação não é diferente. "Faço fotos de 10 a 15 pessoas por dia. O movimento está acabando, mas ainda conseguimos segurar um pouco", confessa.
 

Rodrigo Praxedes Sales atua há 35 anos como fotógrafo de rua na região da Praça Cívica (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
O certo é que o local ainda é um ponto de referência para quem procura fotos rápidas e precisa da facilidade. "A gente ainda é conhecido por esse trabalho nessa localidade, muitas pessoas ainda procuram pelo serviço. Tenho duas filhas e o meu sustento e o delas vem daqui", conta Rodrigo.
 
O fotógrafo, que começou trabalhando com o pai em uma cabine na Avenida Araguaia, oferece ainda alguns "diferenciais" a seus clientes. "Tem paletó, gravata, pente e até batom pra pessoa dar uma ajeitada no visual antes da foto. Já deixo o espelho aqui na frente para se arrumar", diz.
 
O resultado do trabalho tem sido positivo, tanto para ele, que comercializa o serviço, quanto para os clientes. "Muita gente tira foto para entrevista de emprego e depois passa aqui pra contar que já saiu empregado", arremata.
 

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