Neste Dia das Mães farei uma homenagem para minha mãe através da imagem do bordado de minha avó, atualmente com 96 anos.
Toda criança, neto ou neta curte o imaginário da figura dos avós, mas principalmente a da avó.
Avó é aquela maga das mãos doces que amassam com firmeza o pão, a rosca, o biscoito frito, o café coado, o almoço caseiro, a cozinha cheirando assado, o quarto exalando dama da noite, a cama quentinha, o lençol estendido, os primeiros socorros à postos e um colorido funcional nas almofadas bordadas, nas obras de arte, na pintura naif com suas colagens, rendas, costuras e a caixinha com linhas e agulhas ao lado do sofá, em frente à TV. Essa é minha vovó materna, a versão mais açucarada de minha mãe.
Mamãe nunca gostou de ser fotografada, apesar da sua beleza hipnotizante, o que aguçou a vontade de alguns 'paparazzi' em capturar sua 'alma' elegante em poucos registros ainda escondidos.
Devo também mencionar que sua aptidão nos negócios e mercado se equipara à sua marcante estética física. Comerciante nata, de bom gosto irritante, mamãe transgrediu um circuito cultural amador com uma visão de futuro e contemporaneidade para as Artes.
Claro que ao seu lado parentes, amigos, artistas e um sobrenome estrangeiro pesaram para sua ascensão social, mas o mérito é todo dela quanto à ousadia e autenticidade em trabalhar afinco e com propósito.
Essa herança eu devo assumir, mesmo porque é uma de suas qualidades mais admiráveis, a marca registrada de um bom capricorniano que labuta, poupa e consegue.
Com duas ou três colheres a mais de açúcar, mãe se pareceria ainda mais com vó, criativa, insurgente, uma mulher de labuta rural.
Hoje mamãe já colhe suas colheradas à mais.
Avó condecorada com cinco netos, foi promovida a ser uma mãe adoçada em dobro, quando minha irmã concebeu um casal de gêmeos e o açucareiro se multiplicou.
Mal vejo a hora de também ser condecorada com algumas colheres de açúcar, porque ser avó é ser uma mãe bem mais adocicada, né não!?