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Tatiana Potrich
Tatiana Potrich

Tatiana Potrich é curadora, produtora de arte, escritora e designer. Formada em Design de Moda pela UFG, possui pós-graduação em Arte Contemporânea e História do Brasil, também pela UFG, e em Filosofia da Arte pela UEG. / jornalistas@aredacao.com.br

Curadoria Afetiva

Enrijecer-se sim, brutalizar-se jamais

| 18.05.25 - 09:00 Enrijecer-se sim, brutalizar-se jamais Galeria Adriana Varejão, no Instituto Inhotim, em 2025, com Cláudia Andrade e Laura Macêdo. (Foto: Arquivo pessoal)
 
Nunca o ditado "o que os olhos não veem, o coração não sente" foi tão atual e eficaz. Não ver, não saber, não falar, não escutar é uma forma de estratégia para a autopreservação. 
 
Em um mundo onde os ruídos se confundem com discursos, como numa nova versão da Torre de Babel, reina quem sabe se comunicar de múltiplas formas e impera, sobretudo, quem compreende a linguagem silenciosa da ética. 
 
Lembro do quanto foi transformador receber das mãos de papai meu primeiro livro de Filosofia: "Sobre a brevidade da vida", de Sêneca, há cerca de uns 25 anos atrás.
 
Prestes a escrever uma carta de despedida e fugir de casa fui arrebatada pelo estoicismo de Sêneca que acalmou meu coração e constrangeu os sentimentos frívolos e insensatos que me afligiam. A leitura foi redentora, a filosofia me salvou, enraizou e moldou uma visão mais sólida de princípios e valores culturais.
 
Foram as rasteiras da Capoeira, ou a capoeira rasteira da fazenda e seus bichos peçonhentos; as trágicas histórias contadas através das obras viscerais, em poliuretano, de Adriana Varejão; a literatura obscena e ancestral do baiano João Ubaldo Ribeiro e o rap transgressor dos paulistanos Racionais MC's, que me acrescentaram camadas espessas de 'seiva' para engrossar e aprofundar minhas raízes. 
 
É isso mesmo, sou do tipo geração raiz. Mas do tipo erudito, com podas e muita nutrição.
 
Confrontei meus pensamentos com as críticas auspiciosas, sobre a estética da Arte, do conservador britânico Robert Scruton; acatei o rigor psicanalítico do canadense Jordan Peterson; levei em consideração a acidez filosófica de Luiz Felipe Pondé; respeitei as ideias do sociólogo THC, ops, FHC (Fernando Henrique Cardoso) e ainda fiz coro nos refrões da cristã anti-Odoyá, Claudinha Leitte.
 
Atualmente, com a chegada da maturidade (ou idade), resolvi baixar as bandeiras e decidi reinventar meus próprios ideais.
Evito eleger celebridades e ícones intocáveis.
 
Continuo admirando a beleza do brutalismo, mas procuro observar e não absorver.
 
Carrego o peso do conhecimento, embora ainda tente levar uma vida com leveza.
 
Uma parte minha pertence ao caos, mas a outra tento manter em ordem, com firmeza.
 
Conservo a chatice da tradição e alguns protocolos sociais, todavia, me dou o direito e o prazer de exercitar a criatividade.
Descobri, enfim, que a pacífica frase do guerrilheiro Che Guevara, paradoxalmente, faz todo o sentido para minha vida, neste momento:
 
Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura.

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Tatiana Potrich é curadora, produtora de arte, escritora e designer. Formada em Design de Moda pela UFG, possui pós-graduação em Arte Contemporânea e História do Brasil, também pela UFG, e em Filosofia da Arte pela UEG. / jornalistas@aredacao.com.br

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