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Tatiana Potrich
Tatiana Potrich

Tatiana Potrich é curadora, produtora de arte, escritora e designer. Formada em Design de Moda pela UFG, possui pós-graduação em Arte Contemporânea e História do Brasil, também pela UFG, e em Filosofia da Arte pela UEG. / jornalistas@aredacao.com.br

CURADORIA AFETIVA

Depois da aridez; a chuva

| 17.08.25 - 10:55 Depois da aridez; a chuva Obra de E. Di Cavalcanti na mostra "Cenas Brasileiras", no TCU Cultural, em Brasília. (Foto: Arquivo pessoal)

A aridez improdutiva da sociedade transborda padrões indigestos e perversos. Que chances uma pré-adolescente teria de tomar uma decisão "fértil" na sua vida a ponto de se unir ao esteticamente correto para não ter de fazer dancinhas eróticas ou passar por múltiplos abortos financiadas por um pseudos-cafetões, se todo tipo de exposição na internet é monetizado? Me perdoem pela sinceridade, mas este assunto está tão maçante que sinto a necessidade indecente de desabafar. Não só pela sujeira que envolve toda a questão da adultização, mas pela hipocrisia de se pescar um peixinho de lagoa, quando sabemos que o kraken é bem maior. Os cafetões não se resumem a certos tipos de casais gays, mas pais de família, engravatados e, principalmente, políticos. O caso de Epstein é uma pista plausível de um esquema muito mais amplo. A prostituição rende tanto quanto as drogas. Por que, então, não regulamentam a situação para maiores de idade, como na Bélgica?
 
Confesso que meu texto de hoje aderiu à acidez e à aridez da seca do nosso cerrado. Até porque visitei a mostra "Cenas Brasileiras", no TCU Cultural, em Brasília e, percebi que desde sempre, o corpo da mulher é sexualizado de uma forma ambígua, que já nem sabemos se buscamos ser "gostosa" para despertar o desejo, ou ser saudáveis para inspirar admiração. As mudanças precisam vir de ambos os lados, tanto na punição severa quanto na perversão masculina, tanto na censura firme da vulgarização de mulheres nas redes sociais.
 
Temos que admitir, enfim, que, depois de uma indigestão árida, vem sempre uma chuva digestiva, que hidrata. O mais curioso é que paralelo à escandalosa repercussão do crime da adultização nas redes, acompanhei o lançamento da coleção de joias "Chuva". 
 
A joalheria goiana, Anna Prata ao lado do arquiteto, Leo Romano lançaram uma collab interessante e que lhe renderam a minha total atenção. Não só pela quebra de impressão da imagem excessivamente religiosa que eu associava à marca, mas pela escolha da icônica, Abadia Haich, como garota propaganda, símbolo de design arrojado e identidade contemporânea de nossa capital. Uma aposta ousada e corajosa. 
 
Outro detalhe que me cativou foi a gravidez de Anna. No ápice de sua feminilidade e pulsão materna, ela deu luz a uma nova perspectiva para a marca. Ampliou o portifólio, antes focado em discurso evangélico, assim como o tema clichê do agro e as copiadas tendências do mundo fashion, para agregar uma parceria de força e status cultural. 
 
Se a gestação foi o que a inspirou nesta inusitada colaboração, oremos para que mais belas e obstinadas mulheres engravidem de novas ideias e escolhas saudáveis para suas vidas. 
 
Cândido Potrinari, "As Baianas"
 
 
 

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Tatiana Potrich é curadora, produtora de arte, escritora e designer. Formada em Design de Moda pela UFG, possui pós-graduação em Arte Contemporânea e História do Brasil, também pela UFG, e em Filosofia da Arte pela UEG. / jornalistas@aredacao.com.br

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