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Aprendi o idioma das formigas
E voltei para o chão
porque o chão é a única verdade
O chão me ensinou as coisas pequenas
o amor às formigas
o desuso das palavras grandes
o gosto das águas nas pedras "
Manuel de Barros
Senti o gosto das pedras, ou pelo menos a cor delas através da prática da escuta, produção de tintas naturais, possibilidades de criação, diálogos com elementos da natureza e roda de compartilhamento no "Atelie Poética da Terra", que aconteceu na manhã do dia quatro de outubro, no Jardim Potrich.
Conduzido pela professora, arte-educadora e mediadora de leituras, Bel Lemos, o grupo Ledeiras se reuniu à sombra de generosas mangueiras para (re)descobrir o gosto pelas pedras, pelos condimentos, temperos, sementes, flores e frutos; bolos, quitandas, sucos e cafés elaborados em coletividade afetiva e cooperativa.
Um laboratório de projetualidade que buscou reimaginar modos de aprender, ensinar e habitar o mundo.
O grupo Ledeiras é formado por professoras da educação infantil, em sua maioria, da rede pública, principalmente CMEI, que estudam juntas e compartilham o fazer pedagógico se encantando com a infância, com as crianças, com a arte e a literatura.
Nesta dinâmica, o "Atelie Poética da Terra" trouxe experimentações com pigmentos naturais que foram diluídos em água, álcool ou óleo, transformando o ato de pintar num diálogo íntimo com a natureza e a ancestralidade, no Jardim.
Imaginar e criar espaços possíveis para a fruição dos sentidos, aguçar nosso gosto pelo saber, instigar o aprendizado no idioma das cores, no gosto pelo caminho das pedras, no fazer artesanal e na poesia inspiradora da Natureza foram os objetivos alcançados neste encontro mágico e revitalizador.
A união de mulheres educadoras, que se apoiam e sonham com um futuro mais digno para as próximas gerações, deu forma à ideia primordial do Jardim: cultivar uma conexão justa, delicada e sincera com a Natureza.
Uma celebração genuína do Dia das Crianças, onde a educação ao ar livre se revelou como o mais belo presente para o amanhã.