O educador britânico Ken Robinson (1950–2020) acreditava que o excesso de intelectualidade podia sufocar a criatividade.
Não, espera… calma.
Isso não significa negar a importância de um intelecto amadurecido pelas disciplinas e pela construção de uma carreira sólida.
O que Robinson questionava era o academicismo metódico, o conservadorismo das cátedras e os dogmas pedagógicos ultrapassados que ainda orientam o ensino escolar, estruturas que moldam mentes, mas raramente as libertam.
Estudos recentes apontam para o adoecimento precoce de estudantes de medicina: jovens em formação, submetidos a longas jornadas de estudo, trabalho e pressão de mercado. É paradoxal! Aqueles que deveriam cuidar da saúde coletiva estão, eles próprios, em urgente necessidade de cuidado.
Outras pesquisas revelam um fenômeno igualmente preocupante: as novas gerações parecem estar emburrecendo, não por falta de capacidade, mas por falta de estímulo, pela comodidade diante das inteligências artificiais e pela superficialidade dos conteúdos midiáticos. A mente, quando sobrecarregada ou distraída em excesso, perde a capacidade de criar.
Einstein dizia: “a criatividade é a inteligência se divertindo.”
Infelizmente, transformamos essa alegria do pensamento em um “brain rot”, um empodrecimento mental que, em vez de nutrir o cérebro, o exaure.
No último 15 de outubro, celebramos o Dia do Professor, aquele cuja profissão, no Japão, é a única reverenciada pelo imperador. Um gesto simbólico que, infelizmente, não encontra eco na realidade brasileira.
Aqui, ainda seguimos presos a um modelo arcaico de ensino e a uma dependência cultural de paradigmas europeus, tão distantes da nossa realidade social e econômica. Quando tentamos uniformizar o ensino, sufocamos o potencial singular de cada mente.
A racionalização extrema e a generalização dos métodos impedem que surjam soluções criativas, intuitivas e humanas para os desafios cotidianos.
Por isso, práticas como meditação, mindfulness e yoga vêm ganhando espaço no campo educacional. Ao silenciar o ruído da mente, permitimos que uma nova imaginação emerja naturalmente, não forçada, mas fluida, espontânea, verdadeira.
Conta a lenda que Isaac Newton descobriu a lei da gravidade após uma maçã cair sobre sua cabeça. O que poderia ter sido apenas um incidente tornou-se um lampejo criativo.
Assim também surgiu a ideia de tomar café, quando um pastor percebeu que suas ovelhas, ao comerem certos frutos vermelhos, tornavam-se mais ativas e alegres. Em ambos os casos, o olhar relaxado e curioso foi o solo fértil para a descoberta.
O grande mestre, Leonardo da Vinci já nos ensinava: devemos aprender “a Ciência da Arte e a Arte da Ciência”.
Educar-se é criar, experimentar, brincar com o inesperado, porque antes de andar, dançamos; antes de escrever, desenhamos; antes de falar, cantamos.
E assim segue a Humanidade, aprendendo, desaprendendo e recriando o mundo, cada vez que a mente se aquieta e o espírito se abre para o novo.
Criativamente!
Gratidão aos mestres e mestras, professores e professoras.
Este é um ofício de muito respeito, quiçá, o mais nobre de todos!