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João Gabriel de Freitas
João Gabriel de Freitas

Jornalista formado pela UFG e editor do jornal A Redação / joao.gabriel@aredacao.com.br

Bate-pronto

Os perigos futebolísticos quando se tem paixão

Se procura por águas calmas, deixe de torcer | 31.08.11 - 14:48


São demais os perigos desta vida futebolística, caro torcedor goiano, para quem tem paixão. Que me perdoe o “poetinha”, seja lá onde estiver, pela apropriação dramática, mas os repentinos declives e aclives por que passam os times locais nas séries A e B do Brasileirão exigem renovado cuidado cardiológico e, acima de tudo, MORAL. As cartas estão postas e não há segredo. Se procura por tranquilidade, águas calmas, sanidade inabalada, deixe de torcer. Não é este barco em que estamos - ao lado de Tigres, Periquitos e Dragões alucinados- que irá tomar. Até mais, passar bem, e que tenha uma longa e monótona vida pela frente.

A cada rodada que se avança, solapando estimativas, esperanças e ranger de dentes, o que se torna mais evidente é que, hoje, para torcer por qualquer escrete goiano, você assina de imediato um compromisso de que quer, com via passada em cartório, por os nervos à prova. As regras são claras e assina quem quiser. Em contrapartida, enquanto a desilusão toca o seu sambinha, ao menos a monotonia não está no cardápio. A cada rodada abre-se o menu e sabe-se lá o que vai aparecer.

De vitória sobre a líder Portuguesa em pleno alpendre do adversário para uma seguida derrocada em casa, diante de mais de 14 mil torcedores, como fez-se então o Vila, na 17 e 18 rodadas. O baque foi tamanho que a queda ainda se prolongou por mais duas rodadas, culminando com o 3 a 0 contra o Vitória, novamente em casa. Como suportar? Mas suportam.

“O Vila Nova é um gigante adormecido”, teorizou um colega, em desalento com a derrota e ao mesmo tempo surpreendido com a presença de mais de 14 mil almas coloradas na emblemática derrota contra o Americana. Neste quadro, agora na lamúria dos quatro últimos colocados, tem pela frente a vice-líder Ponte Preta, novamente longe de casa. Quando mais se assanha o óbvio, mais admiro os que se atrevem a arriscar um placar.

Ou o que dizer de um até então humilde Atlético, cavaleiro Pancho, ser o responsável por desbancar,  com exibição de gala, a cobiçada invencibilidade flamenguista no Brasileirão, e na casa do rival. Uma partida que naquela noite poderia ser repetida à exaustão. Com a inspiração que o Dragão entrou naquele gramado, seja com Ronaldinho Gaúcho ou sem, a vitória nunca penderia de lado. A noite era de Anselmo e ponto, e o atacante tem agora sua própria fábula para contar aos netos. E eis que, ainda inebriados, superam Grêmio e América-MG , sendo que o último por pouco não lhe aplica um choque de realidade, derrubando-o do Éden.

Derrubado tal qual ameaça o Periquito, que depois de deslizar suave por quatro rodadas e alimentar um “agora vai” entre esmeraldinos, passa a sofrer com um perde-ganha capaz de frustrar qualquer loterista esportivo.  

Assim como dizem que não é o técnico o responsável por "ganhar" uma partida - mas pode ele vir a “perdê-la” - a motivação e o psicológico dos jogadores não chegam a “entregar” um jogo, mas são necessários para “faturá-lo”, para virar um placar adverso. Talento, salários em dia e trabalho pesam, mas bote aí uma ficha no desequilíbrio emocional como o responsável por explicar a bipolaridade goiana - marcada por arrancadas incríveis e sensacionais quedas.


Comentários

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  • 20.09.2011 16:35 LAURA FERRAZ

    Excelente texto, ilustra muito bem a mentalidade dos torcedores e diretores do futebol goiano... Parabéns!

  • 09.09.2011 19:18 Cleusa Marina

    Este comentarista de futebol é, antes de tudo, um poeta. Não entendo nada de futebol, mas uso os seus textos para serem analisados em sala de aula. Adoro o seu jeito de se expressar. Os alunos também. Parabéns pelo toque pessoal e original do texto.

  • 08.09.2011 19:16 Rônei da S. Santos

    Aos corações vascainos e esmeraldinos, como o meu, duas certezas: a de que devemos ficar longe da loteria esportiva; e que a saúde cardiovascular vai muito bem. Parabéns ao colunista! O texto é um retrato 3x4 do cenário futibolístico nacional e estadual digno de quem tem visão sistêmica apurada. Vou acompanhar sempre a coluna.

  • 31.08.2011 18:17 Bruno Dias

    Mandou bem João. Ótimo texto!

  • 31.08.2011 16:45 Thiago Romano Pigari

    Ótimo texto Jão!

  • 31.08.2011 16:27 Lucas Felisberto dos Reis

    Excelente leitura sobre os times goianos. O futebol goiano chegou em um patamar que ou ele cresce de vez perante os outros estados em que o futebol está sempre em evidência ou volta a ser um mero coadjuvante em escala menor do que ja é. Potencial não falta para todos os times goianos, o que falta é são diretores que entendam o futebol moderno e torcedores que valorizem mais os clubes de sua terra.

  • 31.08.2011 16:02 Daniel Pinheiro

    Concordo com tudo. Quer moleza vai torcer para o Barcelona!

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Jornalista formado pela UFG e editor do jornal A Redação / joao.gabriel@aredacao.com.br

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