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Jornalista / atendimento@aredacao.com.br
Junho e julho são meses de fotografia no Rio de Janeiro. É a temporada do FotoRio, encontro internacional que, de dois em dois anos, espalha exposições por museus, centros culturais e galerias. É essa quantidade de endereços que faz de um passeio pelas mostras do FotoRio uma excelente maneira também de se conhecer melhor os cantos do Rio: entre o Centro Cultural Helio Oiticica, um bonito prédio cercado de bares onde prostitutas batem ponto ao lado de mesas de plástico e caixas de cerveja, e o Instituto Moreira Salles, a antiga mansão da família do banqueiro Walter Moreira Salles onde as maçanetas foram moldadas para se ajustar à palma da mão, quem visitá-las também vai conhecer a variedade da arquitetura e de ambientes da cidade.
Um passeio de fim de semana pode começar pelo Hélio Oiticica e o Largo das Artes, ambas na Rua Luís de Camões, na agitada e degredada área da Praça Tiradentes. Em seguida, prosseguir pelo Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) e seu vizinho menos baladado, o Centro Cultural dos Correios, ao lado da LGC Galeria que também está na programação. Depois, continuar no Paço Imperial, na Praça XV, seguir pela Caixa Cultural, na Almirante Barroso, já na altura da Rio Branco, e pelos quase vizinhos Museu Nacional de Belas Artes e Centro Cultural da Justiça Federal, na mesma Rio Branco. Quem escolher desviar-se a partir do Paço e descer pela Praça XV - onde haverá eventos como feiras de equipamento e exibições de dois dias, ao ar livre, em julho - vai entrar no antigo forte que sedia o Museu Histórico Nacional. E após passar pelo Aeroporto Santos Dumont - onde o saguão recebe outra mostra - pode conhecer o Museu de Arte Moderna (MAM) para continuar este rally fotográfico em que o objetivo é apreciar, e não tirar fotos.
Há mostras também no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, um palacete que é um dos melhores remanescentes do luxo dos moradores de Santa Teresa na República Velha, no início do século XX, e no Parque das Ruínas, no mesmo bairro, que tem como atração adicional uma vista linda para a Baía de Guanabara e a Glória. Na Zona Sul, exposições foram instaladas em galerias como a HAP, na Gávea, no Parque Lage, escola de artes livre no Jardim Botânico, e espaços menos conhecidos como o Centro Cultural Zezé Mota, no Catete. Até o Shopping Bangu, na distante Zona Oeste, também tem sua exposição.
Há fotos de estrelas como Cartier-Bresson, Cindy Sherman, Robert Mapplethorpe e Walter Carvalho. Há coletivos, como o Viva Favela, nomes mais lembrados dentro do que fora do meio fotográfico, e desconhecidos. Há fotos em grandes tamanhos, preto e branco, coloridas, fotos pintadas (o costume de retocar com pintura retratos de casais é o tema de uma das salas do Hélio Oiticica), fotojornalismo, fotografia abstrata, retratos de celebridades, cenas do cotidiano em pequenos formatos, explorações antropológicas. Você não vai conseguir ver tudo. Mas vai se encantar com o que ver, porque o caráter democrático do encontro garante sempre uma surpresa. E de quebra, há os coadjuvantes no passeio: ir ao MAM também é aproveitar a arquitetura moderna e elegante de Affonso Eduardo Reidy, e ter a chance de dar uma parada para olhar crianças andando de patins no vão central do prédio do museu, se estiver no fim de semana. No Parque Lage, o espaço das cavalariças também tem a nova exposição de Carlos Vergara, um dos mais produtivos e irriquietos artistas brasileiros em atividade, baseada na demolição do presídio Frei Caneca, no Centro do Rio.
E quase sempre há por perto um bom restaurante ou botequim para parar, tomar um chope ou pedir uma refeição. Bares e restaurantes funcionam nas ruas entre o CCBB e o Paço de segunda a sábado - o Cais do Oriente é o mais chique deles, mas há os petiscos do Timão, um boteco próximo, e os restaurantes das rua do Rosário e Ouvidor. Na Gávea, se você não conseguir uma mesa para comer o galeto do Braseiro (o que é muito provável), sempre há o Guimas ou o Bacalhau do Rei. E os menos votados - em termos de comida - mas também simpáticos Garota da Gávea e Hipódromo. Dentro do Parque Lage, há um bistrô com receitas sofisticadas e nem por isso caras: comer no pátio interno aumenta a sensação de tranquilidade que os jardins e matas ao redor do prédio principal da escola já oferecem. O mesmo verde tranquilizante está nos fundos do IMS - que também tem uma mostra de Saul Steinberg, um gênio do desenho nascido na Hungria e que fez sua carreira nos EUA (depois de, dizem, ter sido desprezado quando tentou emprego na imprensa do Rio de Janeiro). A programação completa você vê aqui http://www.fotorio.fot.br/2011.