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Economia verde

Quando ser sustentável torna-se um bom negócio

Rio+20 retoma discussões pontuais | 06.04.12 - 16:09 Quando ser sustentável torna-se um bom negócio Empresa sediada em Senador Canedo concentrou investimentos na produção de papel reciclado (Fotos: Divulgação)

Larissa Lessa
 
É tempo de refletir a sustentabilidade na economia global. Faltando dois meses para a Conferência Rio+20, empresas demonstram preocupação com o desenvolvimento sustentável, quesito que, hoje, tornou-se essencial para a definição das estratégias de negócios. É o que mostra pesquisa realizada pela Amcham no Brasil. O estudo, publicado no final de 2011, mostrou que 57% das empresas brasileiras afirmam que a sustentabilidade já foi incorporada à atividade central.  
 
 “A preocupação com o desenvolvimento sustentável é uma necessidade nos dias de hoje. Geralmente colocamos na hierarquia de valores o fator econômico como principal, o social em segundo e o ambiental em terceiro. Precisamos ter um olhar diferente: ambiental, social e, por fim o econômico”. A frase é do coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia em Goiás (IFG-GO), Antonio Pasqualetto.

O professor acredita que a adequação das empresas ao fenômeno é, também, uma questão de sobrevivência no mercado. “Aquelas que não aderirem a esse processo vão acabar perdendo espaço”, afirma. 
 
É o que também pensa o diretor geral da rede ambiental Made in Forest, Fábio Biolcati, que deixou 12 anos de carreira na indústria farmacêutica para investir no projeto do site que objetiva conectar o ecoconsumidor ao ecofornecedor. Projetado em 2009, o Made in Forest entrou no ar no ano seguinte e atualmente contabiliza 30 mil visitas mensais de 106 países diferentes.

Como um “Facebook verde”, o portal oferece espaço gratuito para clientes e empresas criarem seus perfis e interagirem. De acordo com os idealizadores, mais de 60 mil perfis foram criados e empresas de 13 países já fizeram o cadastro. 

 

Fábio Biolcati deixou a indústria farmacêutica para criar o site Made in Forest (foto: Digulgação)
 
“Tanto se fala em sustentabilidade e economia verde, mas na prática isso não existe na vida das pessoas. O consumo sustentável esbarra na informação. Você não sabe onde consumir e as empresas, normalmente micro e pequenas empresas, têm que optar por pagar a conta de luz ou fazer marketing”, conta Fábio.

Com cerca de 20 funcionários e sedes em São Paulo e Miami, o site promete criar essa ponte, além de disponibilizar um banco de dados de pontos de descarte de resíduos sólidos no qual estão cadastrados 37 tipos de materiais. Os organizadores também já realizaram censos em mais de 20 cidades brasileiras para mapear a economia verde de cada uma delas.
 
Como Fábio, muitos executivos abriram os olhos para a importância dos valores de sustentabilidade nos negócios. A pesquisa da Amcham, que foi resultado de entrevistas com 76 empresários, mostrou que 20% das empresas mudaram a forma de fazer negócios para agregar a sustentabilidade às atividades. Outras 37% garantiram ter políticas de sustentabilidade. 

Reciclagem
Na Jaepel Papéis & Embalagens, cuja estrutura está instalada na cidade de Senador Canedo (GO), os investimentos foram concentrados na produção de papel reciclado e na certificação FSC, que identifica produtos originados do bom manejo florestal. Para manter a certificação, que é reconhecida internacionalmente, a indústria deve controlar a aquisição de matéria-prima e garantir o descarte adequado do produto consumido. 
 
Também está em fase de testes um projeto de produção de biocombustível a partir de material plástico resultante do processo produtivo. A produção chega aos 10 mil litros por dia e deve ser utilizada para o funcionamento de uma nova caldeira.

A expectativa é que o gás excedente do processo abasteça empilhadeiras. Segundo dados da empresa, o projeto deve evitar que mais de 11,6 toneladas de resíduo plástico sejam encaminhadas para o aterro sanitário da cidade por dia. O volume corresponde a um terço do total de plástico destinado para o aterro. 
 
Desafio
O estudo da Amcham mostrou que os esforços para reduzir os impactos ambientais da produção ainda não são realidade em todo o mercado. Cerca de 14% das empresas ouvidas pelos pesquisadores desenvolvem projetos isolados e 17% ainda analisam a possibilidade de implementar projetos de sustentabilidade. 
 
O que preocupa o professor Pasqualetto são aqueles que se utilizam o momento favorável para se aproveitar do consumidor. “Assistencialismo é diferente de adotar estratégias ambientais. Fazer um pequeno evento e dar uma sacolinha de presente é diferente de adotar sistemas de gestão ambiental, ter certificação de produtos e processos por organismos internacionais e perpetuar essas práticas na rotina da empresa. Precisamos fazer isso por consciência ecológica, por postura ética. Para as empresas, também são incentivos as obrigações legais e a exigência da legislação, além da redução de custos”, explica. 

Propaganda enganosa
O que o professor descreve já tem nome: greenwashing, conceito ligado ao apelo ambiental sem sustentação na realidade. “Propaganda enganosa se faz em qualquer coisa. Tem uma enxurrada de gente se ‘fingindo de verde’. Mas acredito que, com o tempo, o próprio mercado e o consumidor vão regular isso”, defende Fábio Biolcati.

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) decidiu não esperar e divulgou em 2011 normas para a publicidade que contenha apelos de sustentabilidade. Pelo código, as propagandas que mencionarem o tema sustentabilidade devem conter informações que possam ser verificadas e comprovadas, sem espaço para “menções genéricas e vagas”.  
 
E o consumidor? Pesquisa feita em 2011 pelo grupo francês Havas em 14 países mostrou que somente 26% dos brasileiros afirmaram acreditar que os empresários divulgam honestamente as ações.

Ainda assim, 93% dos brasileiros entrevistados acreditam que as empresas devem se esforçar para resolver problemas ligados à sustentabilidade e 62% disseram estar dispostos a pagar mais caro por produtos fabricados de maneira consciente. “Desde Getúlio Vargas ouvimos que prevenir é mais barato do que remediar. Para as empresas, esse é o momento. Aquelas que prevenirem vão reduzir custos e conquistar clientes”, afirma o professor Pasqualetto. 
 

Comentários

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  • 22.10.2012 12:05 flaviane

    adorei precisava saber um pouco mas obrigada

  • 09.04.2012 08:26 Eduardo

    Excelente o servico para encontrar os pontos de descarte de 37 tipos de materiais reciclaveis dentro da rede ambiental made in forest, confira a central da reciclagem em www.centraldareciclagem.org

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