Entretanto, ele afirma que o entendimento de como funciona o modelo de negócios cooperativos ainda é um dos desafios enfrentados para que o sistema se consolide cada vez mais em Goiás e no Brasil. Segundo o presidente da OCB-GO, existem características próprias, o que pode dificultar a adesão de mais pessoas. "Acredito que, em relação ao profissionalismo, de gestão e de governança, estamos evoluindo bem, no entanto, ainda podemos melhorar. Temos trabalhado para aumentar a representatividade para a sociedade reconhecer o poder que tem o cooperativismo, para que possamos cada vez mais ajudar as cooperativas a crescerem", reforça.
Agente de transformação social e sustentabilidade
As cooperativas são valorizadas por possuírem um grande valor social, na atuação como agente de transformação para muitas famílias. Elas significam a colaboração entre pessoas com um interesse em comum e, por isso, se tornam preciosas para a economia local, para o meio ambiente e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
"As pessoas não percebem no cooperativismo a relevância que tem para a comunidade local. Pode-se dizer que é um gerador de prosperidade nas comunidades, porque os recursos gerados ficam nas localidades onde estão instaladas. Estudos comprovam que onde há um cooperativo, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita é R$ 5 mil maior do que em cidades onde não existem cooperativas", destaca Luís Alberto Pereira.
Ainda de acordo com o presidente do Sistema OCB-GO, as cooperativas promovem um grande crescimento social e econômico. Um dos exemplos são os modelos de negócios de crédito, que fazem, segundo ele, com que a produção agrícola aumente em R$ 466 mil por hectare. "Tem um estudo que fizemos em Aparecida de Goiânia e na Capital que os bancos somaram aqui um lucro de mais de R$ 13 milhões em 2023. Ou seja, o lucro apurado não fica nestas cidades porque os donos dessas empresas não estão nelas. Neste caso, se essas instituições financeiras fossem cooperativas, esse valor estaria nestas localidades e, consequentemente, promoveriam um salto no PIB". Por isso, se fala que os recursos gerados pelas cooperativas são diluídos", exemplifica.
Além disso, as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades, por meio de políticas aprovadas pelos membros. Por meio de projetos e ações, as cooperativas contribuem para o aumento da produtividade aliada à sustentabilidade. Todas as cooperativas possuem ferramentas para que a preservação do meio ambiente seja efetiva. Nesse sentido, o Sistema OCB-GO promove diversas ações para conscientização dos cooperados, como o tradicional Dia C de Cooperar e a participação das cooperativas de reciclagem no congresso, em São Paulo, que debate práticas ESG.
Luís Alberto Pereira revelou à reportagem do A Redação que há um projeto que visa capitalizar e estimular a separação correta do lixo e, depois da separação, chegar às cooperativas e completar a cadeia de resíduos sólidos. A campanha está em fase inicial de sensibilização de entidades parceiras. Há, ainda, a previsão de conscientização para os cooperados e a proposta ao prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, para que as próprias cooperativas de reciclagem realizem a coleta do material reciclável.
"Esse material vai para o consórcio, onde eles jogam no caminhão, misturam e perdem sua destinação reciclável. Neste sentido, visamos, desde a educação do transporte, chegar nas cooperativas. Esta será uma grande campanha", ressalta.
Exportação
Atualmente, a cooperativa Comigo, do ramo do agronegócio, realiza exportações significativaS. Outras cinco cooperativas do mesmo segmento pretendem se juntar e também gerar volume para exportar. Para isso, o Sistema OCB-GO tem estimulado a união desses negócios para que realizem a exportação de seus produtos. Será feita uma visita ao Porto de Santos, para que esses cooperados conheçam como funciona o modelo exportador e para que encontrem o caminho do mercado internacional, citado por Luís Alberto como "virada de chave".
Há a previsão de uma viagem à Índia, em outubro deste ano, que será organizada pelo próprio Sistema OCB-GO. O foco é uma visita técnica para conhecer o mercado e as tecnologias utilizadas naquele país e, assim, estimular as cooperativas a atingirem outros mercados fora do Brasil.
Economia e inovação
O cooperativismo representa 18% do PIB goiano. À reportagem do jornal A Redação, Luís Alberto Pereira destaca que há um crescimento constante e que a tendência é que, neste ano de 2025, haja um salto em relação ao ano passado. "Dependemos muito das commodities, no entanto, acredito que não teremos problema e que continuaremos crescendo mais do que a média nacional", afirma. Na segunda-feira (12), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Produto Interno Bruto crescerá 2,5% neste ano.
Além da economia, o Sistema OCB-GO tem avançado também na inovação dentro do cooperativismo. Nos dias 3 e 4 de novembro, será realizada a 2ª edição da Coops Party Summit Goiás, em Goiânia. O evento une cooperativismo, tecnologia e inovação, com as principais tendências do mercado. Em 2024, mais de 1,5 mil pessoas participaram da atividade, e a expectativa é que esse público seja superado neste ano.
"Temos trabalhado para que a inovação esteja dentro das cooperativas goianas. Além da Coops Party, temos realizado diversas atividades como hackathons, desafios, inovação aberta e interna, seminários, dentre outros", arremata.