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Yuri Lopes

Castelo Rá-Tim-Bum me ajudou a querer ser jornalista

| 10.05.20 - 12:19
 
Eu me lembro muito bem do encantamento que senti quando cheguei na casa da minha madrinha, no fim daquela tarde, em meados dos anos 1990, e uma explosão de referências era transmitida pelo universo do Castelo Rá-Tim-Bum. Depois daquele dia, não só passei a acompanhar como a indicar aos colegas do colégio e a falar, com muito entusiasmo, do programa para meus primos. 
 
O sentimento era de conquista por ter descoberto algo tão curioso, inédito, educativo, extremamente criativo, divulgador da cultura brasileira, e, ao mesmo tempo, uma luz sobre a arte, as invenções e as personalidades do resto do mundo. 
 
No último sábado (9/5), foi celebrado o aniversário de 26 anos do lançamento do programa infantil que mais marcou a minha infância e que me ensinou acerca de tanta coisa sobre os mais variados assuntos, de história a hábitos de higiene, passando por música, literatura e cidadania, tudo de uma forma lúdica e interessante. 
 
Ver aquela vastidão de temas pipocando em episódios de menos de meia hora por dia me ajudou a perceber, conscientemente, a minha curiosidade pelas coisas, o prazer em conhecer um pouco sobre diversos assuntos e, principalmente, a passar esse conhecimento adiante. Na época eu não sabia, mas hoje tenho ciência de que foi ali que ficou evidente que meu destino seria me tornar um jornalista. 
 
Eu gostava tanto do programa que procurava um jeito de acompanhar mesmo quando não estava na minha casa. Me recordo de uma vez que meus pais viajaram para Goiânia e eu fiquei na casa do meu tio Raul por uns dois dias e consegui convencê-lo de me deixar ver o Castelo Rá-Tim-Bum com meus primos. “Tio, é um programa educativo, ensina um monte de coisas, passa na TV Cultura e tem só meia hora”. Eu me lembro exatamente de argumentar com meio tio e usar esses termos para conseguir assistir mais um capítulo e explicar aos meus primos sobre cada personagem e cada quadro do programa. Ali já era um exemplo do futuro jornalista, que hoje recomenda aos amigos uma penca de filmes, séries e canais do YouTube com a mesma empolgação e esperança de que eles também vão se interessar por essas atrações, como eu me interesso.
 
Percebo que hoje estamos mais conscientes que algumas pessoas não são tão brilhantes, geniais ou próximas da perfeição como imaginávamos (oi, Silvio Santos), e que estamos mais atentos para programas, séries (Friends, tudo bem?) e filmes que são problemáticos por um ou outro fator, como falta de representatividade ou reprodutor de preconceitos. Quanto mais eu penso sobre isso, mais eu percebo o quão perto da perfeição Castelo Rá-Tim-Bum chegou. A atração da TV Cultura tinha um entregador de pizza negro, uma índia, uma jornalista, um corretor de imóveis ganancioso e um extraterrestre como visitantes do castelo. Mas a diversidade não era demonstrada apenas nos tipos. A avalanche de quadros e universos com ou sem interação dos personagens humanos do programa eram apresentados de forma muito atraente, acredito que por ser, cada um de um estilo, formato e linguagem distintos, embora todos didáticos.
 
Nunca vi nenhuma produção brasileira dedicada ao público infantil conseguir superar a originalidade, a importância do conhecimento e preservação da cultura nacional, a variedade de assuntos e a abordagem criativa dos temas como o programa criado por Cao Hamburger e Flávio de Souza. 
 
Ler as curiosidades sobre o Castelo Rá-Tim-Bum postadas no Twitter do Bruno Capelas, autor do livro Raios e Trovões, me fez querer registrar em palavras a saudade que eu tenho do programa e a importância que ele teve na minha vida desde o dia que eu vi, na sala da casa da minha madrinha, aquela turminha do barulho arranjando um monte de confusão.

*Yuri Lopes é jornalista

Comentários

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  • 11.05.2020 14:35 Giulyane

    Que legal Yuri! viajei no tempo aqui! Amava também! Se o dia estava chuvoso e tivesse um pãozinho quentinho com leite achocolatado ficava melhor ainda... ainda me lembro da musica de abertura de cor, e do meu padrasto pegando no meu pé pq achava o programa "enjoado de mais", eu ficava tão brava com ele kkkkk

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