Carolina Pessoni
Goiânia - Três metros de altura e 11 metros de comprimento de chapas de aço inoxidável. Esta é a dimensão do Monumento a Todos Nós, obra do artista plástico goiano Siron Franco que ilustra a paisagem da Praça Cívica, no Centro de Goiânia, desde 2015.
O monumento está instalado onde ficava a antiga sede da Prefeitura de Goiânia. O prédio foi demolido quando a Praça Cívica foi restaurada com o objetivo de resgatar o espaço como foi desenhado pelo arquiteto e urbanista Attílio Corrêa Lima, responsável pelo projeto da nova capital de Goiás.
Caleidoscópica, a obra conecta passado e futuro por meio de totens que representam os índios karajá de frente para prédios modernos e imagens de um menino e uma menina em direção a edifícios em art déco. A obra se completa com o reflexo da imagem das pessoas que circulam pela praça.
Siron Franco conta que a obra surgiu de um convite feito pelo então prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. "Em uma ligação, Paulo disse que admirava muito o meu trabalho e que desejava ter um monumento feito por mim na cidade. Fiquei muito honrado pelo convite, ainda mais por se tratar de um lugar tão maravilhoso como a Praça Cívica", lembra.
O artista diz que recebeu carta branca do prefeito para elaborar a obra e que, a partir dali, começou a imaginar como seria a instalação. "Desde o início pensei em usar aço inox. Fui para a praça e, ao observar as árvores, percebi que ali havia uma conexão e um vão entre duas elas. Primeiramente pensei em montar uma escada em espiral, mas depois veio essa ideia de homenagear as pessoas", explica Siron.
(Foto: Letícia Coqueiro)
Devido ao tamanho necessário para a construção do monumento, Siron precisou encomendar as placas de aço, já que não havia nada no mercado que atendesse à sua necessidade. "Com isso, criamos uma instalação espelhada que faz um jogo de cena. É uma coisa lúdica, que permite a interação com o público. A obra se completa com o espectador", ressalta.
Segundo o artista, o monumento é uma homenagem ao próprio povo goianiense e sua história. "Ali todos se veem, é um espelho da cidade. Por isso o nome é Monumento a Todos Nós. Somos humanos e toda pessoa que passa pelo local é homenageada também."
A composição da obra tem o objetivo de associar o passado e o presente do povo goiano, por isso o artista escolheu imagens de crianças e de índios karajá, etnia predominante no estado. Nas imagens das crianças, a menina é uma representação da filha de Siron, e o menino representa o filho de um amigo.
"Eu conheci a cultura indígena muito novo e é uma fonte de conhecimento muito grande. Por isso quis retratar as etnias junto do presente. A arte pública tem essa função de comentar o espaço em que está inserida ou fatos históricos e acaba se tornando uma referência", comenta o artista.
Para Siron, fazer um trabalho "em casa" tem um significado muito grande. "É muito gratificante, principalmente pela obra estar instalada em um lugar tão importante e simbólico como a Praça Cívica, que fez parte da minha infância. Quando eu era garoto, ali era o ponto de encontro dos amigos e famílias. Isso tem um valor muito grande pra mim."
A coluna Joias do Centro tem o apoio da Sim Engenharia
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