Carolina Pessoni
Goiânia - Um órgão responsável pela gestão do patrimônio histórico não poderia estar melhor sediado do que justamente em um prédio que representa parte da história de Goiânia. Assim, a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Goiás (Iphan-GO) está situada no edifício que foi construído originalmente para abrigar a Delegacia Fiscal, em 1936, no Centro. De propriedade do governo federal, no local funcionou a Delegacia Fiscal, que posteriormente foi denominada Ministério da Fazenda – Delegacia de Administração GO-TO.
O superintendente do Iphan em Goiás, Alysson Cabral, explica que o edifício teve sua construção em dezembro de 1936 e foi inaugurado em abril de 1937. "Ele compõe, juntamente com o edifício do Tribunal Regional Eleitoral, a transição da Praça Cívica com a Avenida Goiás. Portanto, faz parte das primeiras edificações públicas construídas na cidade", diz.
O prédio da antiga Delegacia Fiscal apresenta elementos art déco, comprovado pelo decorativismo dos gradis em ferro fundido da porta de entrada, do jogo volumétrico na fachada principal, e por ressaltar a sua posição de esquina através da forma que apresenta. "Construído em alvenaria de tijolos, com lajes em concreto armado e telhado cerâmico encoberto por platibanda, a edificação passou por transformações ao longo dos anos que buscaram ampliar sua área útil", explica o superintendente do Iphan.
(Foto: Museu da Imagem e do Som de Goiás)
Alysson também ressalta que os edifícios construídos nas primeiras décadas do século XX procuraram incorporar as características consideradas modernas na época e encontradas em outros centros urbanos. "Neste sentido, é importante destacar o estilo art déco, cuja principal característica são os elementos decorativos geométricos e formas aerodinâmicas. Ou seja, representava na arquitetura o ideal moderno da época."
O prédio integra o Conjunto Arquitetônico Art Déco e Urbanístico de Goiânia, tombado pelo Iphan desde 2003. Em 2014, foi cedido à superintendência do órgão em Goiás pela União e, para a transferência do Instituto, o edifício passou por obra de restauração que procurou enfatizar e resgatar os aspectos mais positivos do prédio e dar a ele um novo uso, compatível com a sua importância para a memória e história da cidade.
Restauração
A obra durou quatro anos e foi realizada em quatro etapas: iniciou com a demolição dos anexos, acréscimos sucessivos que o edifício sofreu ao longo dos anos. Na segunda etapa, foi feito o reforço estrutural e da cobertura. Em seguida, foi restaurado o prédio principal, com valorização do estilo arquitetônico presente nos pisos iniciais em granitina e tacos de madeira, nas esquadrias das portas com desenhos geométricos, luminárias e gradis das janelas em ferro - elementos decorativos que inspiraram os primeiros edifícios da capital, simbolizando a modernidade e o progresso.
Por fim, a quarta etapa contemplou a construção de um novo anexo, composto por auditório, salão de exposição e espaço de eventos. Com ele, o edifício passou a ter dois acessos, tanto pela Praça Cívica quanto pela Avenida Araguaia, interligando a construção já existente e o novo edifício.
"Além da modernidade estrutural, as áreas verdes iniciais do prédio localizadas no pátio central e no recuo para a Avenida Goiás também foram resgatadas, trazendo leveza e harmonização para o local e transformando-o em ponto de encontro e convivência", ressalta Alysson Cabral.
(Foto: Letícia Coqueiro)
A obra de restauração da antiga Delegacia Fiscal custou R$ 11,5 milhões. Em novembro de 2019 foi feita a mudança do Iphan para a nova sede, batizada de Casa do Patrimônio Belmira Finageiv, uma homenagem à arquiteta pioneira na preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da região Centro-Oeste.
Conforme explica o superintendente do Iphan, a mudança trouxe uma série de benefícios para a instituição, como a redução de custos – com sede própria, o Instituto não tem mais despesa com aluguel –, melhor acondicionamento do quadro de servidores, do acervo documental e bibliográfico, que conta com uma área específica para o atendimento ao público, com ambientes totalmente acessíveis, salão de exposição e auditório.
"O novo espaço proporciona um formato inovador de atuação do Iphan em Goiás. Passando a funcionar como Casa do Patrimônio, possibilita maior interlocução com a sociedade, sobretudo no atendimento e na qualificação de estudantes, parceiros e sociedade civil, e, consequentemente, maior divulgação do Patrimônio Cultural Brasileiro", reforça Alysson Cabral. O local tem se tornado referência na capital, com execução de ações voltadas a Educação Patrimonial, com informações, propagação, valorização, discussão e manifestação do Patrimônio Cultural do Estado de Goiás.
A coluna Joias do Centro tem o apoio da Sim Engenharia
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