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Mercado da 74: diversidade, cultura e boa gastronomia no coração de Goiânia

Conheça um pouco da história do local | 24.09.21 - 18:35
Mercado da 74: diversidade, cultura e boa gastronomia no coração de Goiânia Foto: Letícia CoqueiroCarolina Pessoni
 
Goiânia
- Na Rua 74, nº 329, funciona um dos pontos mais tradicionais do Centro de Goiânia. Construído em 1952, na gestão de Venerando de Freitas Borges, o Mercado Bairro Popular, também conhecido como Mercado da 74, abriga cultura, gastronomia e comércio há 69 anos.
 
Quando o mercado foi inaugurado, aquela região ainda nem havia sido anexada ao Setor Central e se chamava Bairro Popular. Nessa época, foram construídos diversos mercados pela capital, e os centros comerciais ficaram conhecidos por concentrar de tudo um pouco.
 

(Foto: Letícia Coqueiro)

Em 1987, o Mercado Popular passou por uma restauração, com obras executadas pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Em 2004, um novo projeto de reforma foi elaborado pela prefeitura, mas não chegou a ser executado por falta de verba. Entretanto, em 2005 a proposta foi retomada e, por meio de convênio firmado com a Casa Cor Goiás, as obras começaram em março de 2006.
 
Em 2007 começaram a ser realizados eventos culturais na área interna do mercado, com o intuito de tornar o local um ponto turístico de Goiânia. A partir de então, em todas as sextas-feiras passaram a ser realizadas apresentações culturais no espaço. As atrações foram suspensas apenas em razão da pandemia da covid-19. 
 
História
Há mais de 40 anos o senhor José Bernard caminha todos os dias para o Mercado da 74. "Eu morava no mesmo quarteirão do mercado, por isso sempre ia a pé. Hoje continuo com a caminhada. Agora demoro mais porque moro no Setor Oeste, mas é isso que mantém minha vitalidade aos 80 anos. Eu vou a pé, na frente, depois a esposa vai de carro", diz, bem-humorado.
 
Proprietário de uma loja de calçados, ele conta que sempre trabalhou com esse tipo de produto, desde quando a região ainda era conhecida como Bairro Popular. "A rede ferroviária passava aqui perto do Mercado, e o Comando da Polícia também funcionava na região. Eu conhecia todos os coronéis da polícia, hoje em dia não tem mais nenhum daquele tempo, só sobrou eu", brinca.


José Bernard: "No mercado, somos praticamente uma família" (Foto: Letícia Coqueiro)
 
Ele diz ainda que, apesar das mudanças, não tem a intenção de sair do mercado e que vai manter sua loja no local "até quando Deus permitir". "Já acostumei a trabalhar aqui, conheço todo mundo, é praticamente uma família. Hoje mesmo o colega da loja do lado foi ao médico, já falei pra minha mulher ligar pra ele, perguntar se ele está precisando de alguma coisa. É um cuidando do outro o tempo todo."
 
Proprietário de um bar considerado um dos símbolos do mercado, Jair Onofre também não pretende sair do local tão cedo. Jajá, como é conhecido, conta que tem comércio no mercado desde 1971. "Comecei com uma lotérica ao lado do mercado, depois abri uma loja de discos e fitas aqui dentro. Aí depois abri o bar, e já se vão 30 anos do Jajá Drinks", comemora.
 
Para ele, o mercado é praticamente a sua casa. "Eu fico mais tempo aqui do que em casa. Passo o dia, almoço e vou até à noite, na hora de fechar. Meus filhos foram criados aqui, me ajudaram, mas atuam em outras áreas. Já eu, não penso em sair. Se eu parar de trabalhar vou ficar estressado", diz aos risos.
 

Jajá: de loja de discos a bar, já são mais de 40 anos de mercado (Foto: Letícia Coqueiro)

Entre as histórias vividas e vistas na porta de seu bar, Jajá conta de casamentos, despedidas de solteiro e até o acidente com o césio-137. "Na época do césio foi muito triste, porque tudo aconteceu aqui perto. Tudo fechou e ficamos muito assustados, porque ninguém sabia de nada, assim como essa pandemia, que deixou todo mundo sem saber o que fazer", rememora.
 
Jajá afirma ainda que construiu sua vida no mercado e que, além do trabalho, se tornou também um local de diversão. "Eu me sinto muito bem aqui, conheço todo mundo e todo mundo me conhece. O mercado é um lugar muito democrático, reúne pessoas de todas as classes, do estudante ao promotor. Tem música, bebida e comida para todos os gostos e é muito bom ver essa mistura aqui."
 
Outro ponto gastronômico tradicional de Goiânia também está localizado no Mercado da 74. Fundada por Geraldo de Lemes em 1963, a Pastelaria do Meu é considerada a mais antiga da capital. Atualmente, o local é comandado pelo filho de Geraldo, Daniel, que deixou sua formação em publicidade de lado para se dedicar ao negócio da família.
 

Daniel deixou sua profissão de formação para cuidar da pastelaria que o pai fundou no Mercado em 1963 (Foto: Letícia Coqueiro)

Daniel conta que seu Geraldo também criou toda a família com seu trabalho na pastelaria, que sempre funcionou dentro do mercado. "A pastelaria mudou de lugar aqui dentro algumas vezes, mas em 2006 voltamos para o local original. Meu pai ficava aqui até antes da pandemia, não com a mão na massa o dia inteiro, mas sempre dando os pitacos dele. Agora ele fica em casa e a gente vai tocando por aqui", diz.
 
Ele conta ainda que foi criado dentro do mercado e sempre se interessou pelo local, pelas pessoas e pela forma como ele se tornava um ambiente tão democrático. "Hoje em dia, quando eu viajo pelo mundo, quero conhecer os mercados municipais, trazer as experiências e inspirações de fora pra cá. Até sabor de pastel a gente já criou com inspiração no exterior. Os mercados carregam a cultura local e isso é muito interessante", encerra.
 
Tradição e cultura
Para o administrador do Mercado Popular, Reginaldo Gomes da Silva, comandar o mercado é tranquilo, pois os permissionários são conscientes e cumprem as determinações da administração. "Pra mim, é uma experiência muito boa. Eu já tive uma experiência com administração de hotel, então pra mim está sendo muito bom, principalmente porque os comerciantes são muito tranquilos", diz.
 

Para Reginaldo Gomes, administrar o Mercado da 74 é um privilégio (Foto: Letícia Coqueiro)

Ele reforça que a programação é bem diversificada, com o comércio funcionando ao longo do dia, shows ao vivo à noite de terça a sexta-feira, feira orgânica nas manhãs de sábado e depois o funcionamento dos restaurantes à tarde. "Temos shows de todos os ritmos, os melhores restaurantes e o melhor carnaval, quando a gente podia fazer", lembra.
 
Para Reginaldo, administrar um dos símbolos de Goiânia é um privilégio, porque o Mercado deixou de ser um centro comercial para se tornar um centro cultural. "Nosso diferencial é que, além do comércio de produtos, temos shows artísticos. Somos uma das poucas atrações públicas abertas à população hoje. Aqui à noite é um ambiente muito bacana, só vendo para saber como é", completa.



A coluna Joias do Centro tem o apoio da Sim Engenharia
*Visite os decorados do Katedral Sky Rooftop na Rua 20, quadra 44, lote 10-12-14, Setor Central

 
 

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