Para adicionar atalho: no Google Chrome, toque no ícone de três pontos, no canto superior direito da tela, e clique em "Adicionar à tela inicial". Finalize clicando em adicionar.
Capital completa 92 anos nesta sexta (24/10) | 24.10.25 - 14:00
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Fotos: Rodrigo Obeid/A RedaçãoCarolina Pessoni
Goiânia - Em 2025, o mundo celebra o centenário do art déco, movimento estético que marcou o século XX com suas linhas geométricas, simetria e elegância. Nascido em Paris, em 1925, o estilo ultrapassou fronteiras e influenciou a arquitetura, o design e as artes decorativas em todo o mundo.
No Brasil, o art déco encontrou na jovem capital goiana um terreno fértil para florescer. “Goiânia é e sempre será a cidade que nasceu art déco”, afirma o engenheiro civil e pesquisador do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás (UFG), Wolney Unes. “Foi o acervo goianiense que, em 2003, fez o Iphan abrir os olhos para esse período da arquitetura nacional, revendo muitos conceitos”, relembra.
Quando o interventor Pedro Ludovico Teixeira decidiu erguer uma nova capital, sua orientação aos arquitetos era clara: queria uma cidade moderna, que rompesse com a tradição colonial da antiga Cidade de Goiás. “O que havia de moderno na época era justamente o art déco”, explica Wolney.
“Attilio Correa Lima propôs alguns desenhos de edifícios no estilo, e em seguida profissionais como Jorge Félix de Sousa e José Neddermeyer seguiram a mesma linha.” O resultado foi um conjunto urbano coeso, em que fachadas, relevos e marquises revelam a ambição de uma capital planejada para o futuro — e que, ainda hoje, guarda em suas formas o espírito modernista dos anos 1930.
Apesar da proteção federal já existente, Wolney destaca que ainda há desafios na valorização e preservação desse patrimônio. “O que falta agora é o mundo real apropriar-se desse ativo cultural, transformando os edifícios em ativos econômicos, já que são únicos e singulares”, observa.
Ele defende políticas públicas de incentivo e também maior engajamento da iniciativa privada. Relembrar essa história, especialmente no dia em que Goiânia comemora seu aniversário de 92 anos, é revisitar as origens da cidade e caminhar por ruas que ainda traduzem, em concreto e ferro, o traço elegante que deu forma à capital goiana.
O jornal A Redação preparou um roteiro especial para conhecer o estilo por meio de edificações no Centro de Goiânia. Confira:
1. Estação Ferroviária
Inaugurada em 1950, a antiga Estação Ferroviária, localizada na Praça do Trabalhador, Setor Central, é um dos mais importantes edifícios históricos e uma das personificações do estilo art déco da Capital. Um dos símbolos de Goiânia, a Estação foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2002.
Estação Ferroviária se tornou um dos símbolos de Goiânia (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
A Estação Ferroviária de Goiânia foi inaugurada juntamente com as demais estações do trecho de 95 km entre Leopoldo de Bulhões e a capital. A antiga Estrada de Ferro Goyaz passou a receber trens de cargas e passageiros no ano de 1952, funcionando durante 30 anos, quando em 1980 transferiu-se o pátio ferroviário para Senador Canedo, permitindo a continuação da Avenida Goiás e a construção da Rodoviária da cidade.
2. Teatro Goiânia
Conhecido como o mais nobre e tradicional espaço cultural da cidade, o Teatro Goiânia foi inaugurado em 14 de junho de 1942 e integra o conjunto arquitetônico do início da capital. Localizado na esquina das avenidas Anhanguera e Tocantins, o teatro foi projetado pelo arquiteto Jorge Félix, que o concebeu em estilo art déco.
Teatro Goiânia foi inaugurado em 1942, no Batismo Cultural da cidade (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Com o nome de Cine-Teatro Goiânia, o local foi inaugurado por Pedro Ludovico Teixeira, então interventor federal em Goiás e recebeu a cerimônia do Batismo Cultural da Cidade. O prédio foi tombado pelo Estado em 1982 e, posteriormente, pelo Iphan, em 2003.
3. Relógio da Avenida Goiás
Entre os monumentos art déco da Avenida Goiás se destaca a Torre do Relógio, localizada logo no início do canteiro central da via, próximo à Praça Cívica. Elemento importante do acervo arquitetônico de Goiânia, a Torre foi projetada por Américo Vespúcio Pontes. A construção teve início no ano de 1940 e, após dois anos, a torre foi inaugurada, em 5 de julho de 1942, durante o Batismo Cultural de Goiânia.
Relógio da Avenida Goiás teve suas obras iniciadas em 1940 (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
O equipamento é funcional, sendo um grandioso relógio urbano, e faz parte dos componentes construídos com a finalidade de trazer ares de modernidade e progresso à nova capital goiana. A torre é um bem de propriedade e gestão da Prefeitura e faz parte do Conjunto Arquitetônico Art Déco e Urbanístico de Goiânia, reconhecido pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2003.
4. Mureta do Lago das Rosas
Com cerca de 150 metros de extensão, a mureta do Lago das rosas começou a ser construída em 1940, tendo sua obra finalizada em 1942. Em seus pilares, a mureta esculpe a representação de uma flor (flor do xixá), situando os pontos cardeais e colaterais em seu centro, simbolizando a rosa dos ventos. Além disso, exibe padrões escalonados em degraus e pequenas colunas que enquadram volumes cilíndricos e esbeltos.
Mureta tem a flor do xixá esculpida, situando os pontos cardeais e colaterais em seu centro (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Originalmente, as rosas esculpidas na mureta tinham a pintura feita em pó de pedra verde, a mesma técnica aplicada na pintura do Palácio das Esmeraldas. A técnica, minuciosa e requintada, é uma representação fiel do rebuscamento do art déco.
5. Antiga Chefatura de Polícia
Inaugurada em 1937, a Antiga Chefatura de Polícia foi um dos primeiros prédios públicos da Capital e fica na Praça Cívica, marco inicial da cidade fundada por Pedro Ludovico Teixeira. O edifício, tombado como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Iphan, abrigou a primeira sede da Polícia Civil no Estado de Goiás, e também uma Cadeia Pública.
Antiga Chefatura foi a primeira sede da Polícia Civil no Estado de Goiás (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Posteriormente, foi sede da superintendência de obras do Plano de Desenvolvimento do Estado, da Procuradoria Geral do Estado e até da Secretaria de Estado da Cultura. Em 2015 fechou as portas e foi reinaugurado em 2022, após obras de restauração. Atualmente o prédio abriga a sede da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg), do Instituto Mauro Borges (IMB) e um braço da Secretaria-Geral de Governo.