Carolina Pessoni
Goiânia - Na rodada de entrevistas com os candidatos a uma cadeira no Senado por Goiás, o jornal A Redação recebeu nesta quarta-feira (20/8), Ronaldo Caiado (DEM), da coligação Amor Por Goiás (PMDB/SDD/DEM/PCdoB/PTN/PRTB/PPL).
Caiado falou sobre suas propostas e ressaltou que não vê incoerência, como muitos dizem, em fazer parte da coligação de Iris Rezende. "Em 2004 eu apoiei o Iris como prefeito de Goiânia, e nós participamos desse governo. As pessoas entendem e sabem que ao avaliar qual é a posição que você deve tomar, a referência deve ser a sua vida pregressa. "
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Confira os principais assuntos abordados pelo candidato:
Pesquisas
"Estou colhendo resultado de vários mandatos de atuação no Congresso. As pessoas reconhecem meu trabalho, e por conhecer a casa durante os 20 anos de mandato, eu tenho experiência de saber como as coisas caminham, sei como articular."
Coligação com Iris
"Não acho que seja uma candidatura controversa, como muitos dizem. Eu acho que os fatos falam mais do que as palavras. Todas essas pessoas que estavam na convenção e fizeram discurso, endossaram a decisão. Existe outra maneira de deliberar as decisões do partido sem ser por convenção? Não pode existir esse Alzheimer político assim tão rápido."
"Tenho tido não só a compreensão de todos, mas também o reconhecimento da nossa atitude. Esse fato não ocorreu pela primeira vez agora, em 2014. Em 2004 eu apoiei o Iris como prefeito de Goiânia, e nós participamos desse governo. As pessoas entendem e sabem que ao avaliar qual é a posição que você deve tomar a referência deve ser um pouco a sua vida pregressa. "
"Eu não sou um seguidor de pessoas, sou um seguidor de ideias."
"Eu não sou um seguidor de pessoas, sou um seguidor de ideias. Não sou obrigado a apoiar quem quer que seja se ele não tiver se comportado da maneira correta como se comprometeu a fazer. A pessoa pode ser o seu melhor amigo, mas não pode cobrar lealdade ou apoio se ele cometeu o ilícito. Não é porque uma pessoa está no meu partido ou coligação que temos que apoiar tudo o que ele faz. É preciso uma criança para dizer que o rei está nu? Não acredito nessa obrigatoriedade de não querer enxergar os defeitos, eu tenho que enxergá-los para corrigir. Acho que esses são os parâmetros da política."
Atuação no Senado
"A função do senador não foi muito bem absorvida pela população, não veem a relevância do senador como sendo representante do Estado dentro do Congresso Nacional. É uma função muito importante pois tem prerrogativas que o deputado não tem. No Senado todos os Estados são representados por três senadores, então vejo um espaço maior para, sabendo atuar, dar maior relevância ao Estado, discutir temas importantes para o Centro-Oeste, discutir o tema da Celg - pois abrir mão dela é impedir que as regiões mais carentes tenham os mesmos recursos das regiões desenvolvidas, e a condição de levarmos o desenvolvimento é real e a função de um senador é lutar por isso. "
"Discutiremos também a Reforma Tributária, para distribuir melhor os recursos. Uma Unidade de Pronto Atendimento do Governo Federal custa em torno de R$ 1 milhão por mês. Quem vai custear ou manter isso? É muito mais uma jogada de marketing do que priorizar aquilo. Se você prioriza hospitais regionais e carreiras de Estado para médicos, você garante que eles irão para o interior. "
"Deixar a Câmara é natural. No Senado há mais capacidade de lutar pelo seu Estado."
"O governo federal sempre usou o Senado como um revalidador, como um avalista das ações do Planalto, e deixa de lado as prerrogativas de fiscalizar, de exercer suas funções, de fazer proposições. Fica apenas como um poder que atende aos caprichos de um regime presidencialista e, como tal, perde totalmente seu brilho e sua importância. Acho que o Senado precisa ser revigorado, precisa de um bom debate, não na situação de deixar que os Estados e municípios sejam cada vez mais penalizados. Neste momento tem que saber como vai atuar e não atender concessões mínimas e paralelas para que o senador deixe de exercer sua função."
"Deixar a Câmara é natural. Não estou invertendo a ordem nem suprimindo nenhum degrau. Temos um universo de debate menor com 81 senadores, ao invés de 513 deputados, então há capacidade de lutar mais pelo seu Estado."
Segurança pública
"Tenho matérias que já estão tramitando no sentido de alterar principalmente as penas aos criminosos participantes de todo time de crime no Código Penal. Objetivamente, um dos projetos que eu tenho dado foco direto é em relação ao problema do roubo, que passou a ser uma rotina em Goiás. Ninguém tem coragem de enfrentar o receptador, que é a pessoa que alimenta a quadrilha e incentiva as pessoas a entrar na bandidagem. Isso passou a ser uma grande realidade do nosso Estado, muito frequente. A proposta é que a pena do receptador seja 3 vezes maior do que da pessoa que praticou o roubo."
"Proponho que a pena do receptador seja 3 vezes maior do que da pessoa que praticou o roubo."
"Outro ponto é em relação à insegurança das mulheres no fato da agressão. As mulheres se constrangem por vários motivos, para denunciar, com relação a não intimidação do agressor apenas com a condenação. Uma das propostas é que o agressor use a tornozeleira eletrônica para ser mais uma ação de controle e proteção. Outra frente é a busca do credenciamento de clínicas para exames de corpo delito para proteger a vítima que fica abalada ao ir ao IML. "
"A PEC 300 é uma realidade que resgata uma prerrogativa legítima de dar igualdade salarial aos policiais militares à aqueles que recebem o salário pelo DF para todo o país. Sabedor de que os Estados não podem arcar com esses custos, proponho a criação de um fundo para se responsabilizar pela diferença salarial. Nós assumimos a posição da maioridade penal para 16 anos, temos que ter a condição de assumir esse debate, não criar a situação de que cada vez mais essas pessoas estão indo para o crime, estimulando essas pessoas a usarem menores por quadrilhas. "
" Nós assumimos a posição da maioridade penal aos 16 anos. Temos que ter a condição de assumir esse debate."
"Outra questão que queremos debater é a Bolsa Reclusão, em que a família do criminoso recebe apoio do governo e a família da vítima não recebe nenhum tipo de amparo psicológico ou financeiro governamental. Se quiserem dar uma condição para que a família do bandido não caminhe também para a bandidagem, vamos dar também condições para a família que foi vitimada. É uma questão de prioridade. "
"É preciso priorizar a construção de presídios em Goiás. Só em Goiás temos 20 mil mandados de prisão que não são cumpridos; a penitenciária tem capacidade para 5 mil e tem 12 mil presos. Bandidos instalaram toque de recolher em Goiânia, ninguém fica tranquilo na rua depois das 21h. São coisas que não se pode aceitar que a sociedade caminhe para achar que não tem solução. "
"A função do Estado não é enaltecer governantes, é fortalecer, dar segurança ao cidadão. É inaceitável quando você vê o Tribunal de Contas falar que Goiás gastou mais de R$ 500 milhões com propaganda e vê que a segurança está nessa situação. Do Fundo de Segurança de Goiás foram tirados R$ 150 milhões para usar em outras coisas. Que outras coisas? É algo que foge ao bom senso."
"Do Fundo de Segurança de Goiás foram tirados R$ 150 milhões para usar em outras coisas. Que outras coisas?"
Entorno de Brasília
"O que estão fazendo com o Entorno de Brasília é um crime, criando o cidadão com um baixo índice de desenvolvimento humano, baixa renda per capita, sem condições de segurança. Eu, como senador, vou enfrentar esse debate porque não é justo que Brasília receba incentivos e o Entorno seja deixado de lado. Lá as pessoas perderam a esperança."
Apoio a Aécio Neves
"Eu vejo a candidatura do Aécio com real condição de ser vitoriosa, porque ele vai poder mostrar e transmitir experiência, vai demonstrar que tem capacidade de executar. É um momento político muito delicado. O Brasil vê uma realidade que teremos na vida de todos nós, que será um 'tarifaço' principalmente na área de combustíveis e energia, uma inflação que está sendo segurada a base de torniquete, a perda da credibilidade do mercado internacional, no cenário nacional não transmite segurança jurídica às pessoas que querem participar da construção de obras e investimentos no Brasil. Então vejo que a candidatura do Aécio coloca tudo isso com tranquilidade, porque as pessoas sabem que ele vai fazer como fez em Minas Gerais. "
"Não vejo a candidatura da Marina Silva como ameaça ao Aécio. Na hora que passar a comoção da tragédia com Eduardo Campos, a sociedade vai ver que ele é a melhor opção para governar o país."
"Para mim, a maior qualidade dele é a de saber escolher seus secretários. Ele buscou em Minas as melhores cabeças em cada área e isso deu a ele uma capacidade de transformação ímpar ao Estado. Ele sabe reconhecer que as pessoas são melhores que ele em cada área, definindo prioridades. Não vejo a candidatura da Marina Silva como uma ameaça ao Aécio. Eu vejo que a hora que a sociedade brasileira entender, sair da comoção da tragédia com Eduardo Campos, vai ver que ele é a melhor opção para governar o país."
"Aécio com sua vida pregressa, com a maneira que governou em Minas e como respeita as regras do sistema democrático não vai querer colocar as comunidades populares para substituir o Legislativo. Acredito que ele vai mostrar bem a diferença e a experiência dele. Precisamos de um governante experiente, equilibrado, para trazer esperança. "
Experiência e novidade
"Falar que não sou atual é uma colocação genérica. As pesquisas dos repórteres políticos me colocam sempre entre os cinco primeiros no Congresso Nacional. Eu sustentei todas as lutas em favor do nosso Estado, na área da saúde, agropecuária, segurança pública. Quer propostas mais atuais do que essas? Se pegarem meu currículo e meu 'boletim' de 16 anos na casa e comparar verão como fui bem avaliado. E quem me deu as notas não fui eu."
"Eu tenho a característica de ser sempre um dos mais votados, mas o que me diferencia é que eu sou o único que recebe votos nos 246 municípios do Estado. Minha votação não depende de máquina de governo, sempre tive voto de opinião."
"Minha votação não depende de máquina de governo, sempre tive voto de opinião."
Representação no Congresso
"Eu sempre tive orgulho enorme de representar há mais de 30 anos o setor da economia brasileira que deu certo. Fora do Brasil, perguntam hoje qual é a revolução que fizemos para produzir tanto. Há alguns anos tinha-se o preconceito de defender o homem do campo e eu tive coragem de lutar por essa bandeira."
"Em relação à classe médica, estou no exercício da medicina há 39 anos e continuo atendendo. Nunca utilizei do meu mandato para prestígio pessoal e benefício profissional, tanto que vendi minha parte em um hospital e atendo em hospitais de outras pessoas. Isso mostra que eu tenho credibilidade porque nunca me envolvi em discussões que eu seria beneficiado. São situações em que o goiano reconhece minha posição."
Redes sociais
"Acredito nessa ferramenta incrível. Sou tuiteiro há muitos anos, extremamente ativo e não faço isso só em período eleitoral. Isso passou a ser uma grande realidade. As redes sociais passaram a ter mais influência do que o horário eleitoral de rádio e televisão. As pessoas tomam decisões e se informam pela internet, então eu priorizo e trabalho para em todo momento informar, participar, buscar opiniões, estimular as pessoas sobre temas polêmicos, elaborar projetos em cima das sugestões que recebo. Saímos da condição dos comícios em praça pública, que sou apaixonado, para a televisão e agora vamos para as redes sociais."
"As redes sociais passaram a ter mais influência do que o horário eleitoral de rádio e televisão."
Mais Médicos
"O Mais Médicos é um marketing eleitoral num momento em que a presidente tinha mais de 70% de avaliação negativa na Saúde, então ela tentou demonizar a figura do médico brasileiro como o culpado pela situação da saúde no Brasil. As coisas tem que ser consequentes e sérias. O repasse salarial para os médicos cubanos é irrisório, recebendo cerca de R$ 900 por mês, enquanto o governo de Cuba recebe o restante. Isso é uma Pasadena 2, uma maneira de fazer caixa de campanha, como foi Pasadena em 2006."
"A solução para resolver o problema da Saúde no Brasil é a PEC 454 que cria a carreira de Estado para médico, assim como é feito com juízes e promotores, com estabilidade salarial, plano de carreira com concurso público federal para que os médicos não fiquem vulneráveis à lideranças políticas no interior. Além disso, é preciso ampliar o financiamento da Saúde."
"Quero propor que o ministro da Saúde fique com a quarentena mínima de quatro anos sem poder se eleger a nenhum cargo, como fez o Padilha, usar o Ministério da Saúde como trampolim eleitoral."
"O nosso projeto Saúde +10 é fazer com que a União aumente o repasse de R$ 92 milhões para R$ 145 milhões para a Saúde, aprovando um projeto onde 10% da arrecadação da União seja repassada para o setor. Nesse mesmo projeto o repasse dos municípios seria de 15% e dos Estados, 12%. São dois pilares para se fazer uma solução definitiva para a Saúde. Quero propor que o ministro da Saúde fique com a quarentena mínima de quatro anos sem poder se eleger a nenhum cargo, como fez o Padilha, usar o Ministério da Saúde como trampolim eleitoral."
