Catherine Moraes
Atualizado às 11h
“Fui treinada para a guerra desde a morte da minha filha. Não sinto ódio ou sentimento de vingança, minha luta é por amor à Polyanna e vou encarar esses bandidos. Tenho certeza de que foram eles e espero a confissão, quero a pena máxima, por justiça. Sei que vai ser difícil olhar para eles e pensar que estupraram e mataram minha filha, mas o amor me move. Eles não podem conviver com a sociedade.”
Tânia Borges, mãe de Polyanna Arruda
Começou nesta quarta-feira (18/4) o julgamento dos quatro denunciados pela morte da publicitária Polyanna Arruda, em setembro de 2009. O julgamento acontece na sala de audiências da 8ª Vara Criminal, localizada no Fórum Criminal Fenelon Teodoro Reis, no Jardim Goiás, em Goiânia. No total, 22 testemunhas serão ouvidas entre hoje e quinta-feira (19/4), sendo oito de acusação e 14 de defesa. A primeira testemunha é a mãe de Polyanna, Tânia Borges, que durante pouco mais de dois anos e seis meses fez com que Goiânia conhecesse a história da filha.
O julgamento é restrito e até mesmo os pais da publicitária haviam sido impedidos de entrar na sala de audiências. Na manhã desta quarta-feira (18/4), um oficial de Justiça informou ao casal, Tânia e Sérgio Borges, que ambos poderiam assistir aos depoimentos caso desejassem. Tânia disse que não quer participar, mas Sérgio afirmou que quer ver de perto o julgamento.
Tânia afirma que está pronta para a luta (Foto: André Saddi)
Diango Gomes Ferreira, Leandro Garcez Cascalho, Marcelo Barros Carvalho e Assad Haidar de Castro chegaram por volta de 8h40 pela entrada dos fundos do Fórum. Eles serão ouvidos pelo juiz Wilton Müller Salomão. Também prestarão esclarecimentos um perito criminal e testemunhas.
Os quatro foram denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), sendo Assad e Marcelo por latrocínio (roubo seguido de morte), ocultação de cadáver, estupro e formação de quadrilha, enquanto Diango e Leandro poderão ser condenados por roubo qualificado e formação de quadrilha.
Família Reunida
A família da publicitária, que está sendo defendida por três advogados, esteve presente em peso no julgamento, por coincidência, no mesmo dia do aniversário de Tânia. Sobre a festa, ela anuncia que virá em seguida, “se Deus quiser”, completa. A irmã caçula de Polyanna, Priscila, também estava presente ao lado do pai e do viúvo de Polyanna, Thiago Leopoldino de Paula e diversos familiares. Juntos, eles pregaram cartazes no Fórum, distribuíram cerca de 12 mil panfletos pela cidade e camisetas aos mais próximos.
Pergunta para sempre sem resposta
Questionada sobre o que perguntaria aos criminosos caso pudesse, Tânia afirma que martelou a pergunta por todo esse tempo na cabeça: Por que fizeram isso com minha filha? “O que minha filha fez para morrer desse jeito? Nada! É difícil encarar essa situação, de bandidos que cheiraram cocaína a noite toda e assassinaram minha filha de forma butal. Não é só a morte, é a forma como aconteceu”, finaliza.
Noite mal dormida
“Fui dormir por volta de 1h30 e acordei às 4 horas. É muito complicado, ansiedade, nervosismo, muito tempo pensando no meu discurso. Quero que meu depoimento seja importante. Também não quis tomar medicamentos porque queria estar lúcida, muito lúcida quando for o momento certo”, afirmou Tânia.
O pai, Sérgio Borges, mais nervoso que a esposa, afirma que não quer apenas a justiça divina. “Vou manter a calma e enfrentar eles de frente. Não temos dúvida que foram eles, nossa luta vai continuar até o fim. Acredito na justiça divina, mas quero a prisão desses bandidos. Nesse caso, o perdão não existe.”
Viúvo de Polyanna, Thiago Leopoldino clama por Justiça (Foto: André Saddi)
Também indignado, o viúvo, Thiago Leopoldino, pediu Justiça. “Rezo para que eles não consigam nenhuma forma legal de escapar. Viemos até aqui e queremos a pena máxima”, finalizou.
O crime
Em um dia de rotina, Polyanna Arruda Borges saiu de casa às 7h30 para ministrar uma palestra a estudantes na 4ª Semana de Publicidade e Propaganda da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), no Jardim Goiás. O grupo, formado por Assad, Marcelo, Lavonierri e Deberson estava em um Gol e avistaram o prisma de Polyanna. Ela foi abordada por Assad que estava em porte de uma arma e anunciou o assalto. A publicitária foi obrigada a entrar na parte traseira do carro
Ela foi levada para para o Residencial Humaitá, às margens do Córrego Caveirinha, na Região Norte de Goiânia onde foi violentada, agredida e assassinada. Como a vítima teria atingido Lavonierri com uma pancada, fato sustentado pelo MPGO, Assad reagiu, começou a atirar e atingiu Polyanna com oito tiros. Neste instante, os quatro deixaram o local do crime levando os veículos.
Em seguida, ligaram para Diango e contaram sobre o assassinato. O receptador teria determinado que o carro fosse abandonado, já que estaria “sujo”. Os integrantes fugiram em um Clio prata. O Prisma foi encontrado na mesma manhã, parcialmente queimado, na Rua Xavante, no Residencial Caraíbas, por policiais militares acionados por moradores da região. Dentro dele estavam a bolsa com todos os documentos e pertences da publicitária e um notebook.
Por volta de 18h30 do dia 24 de setembro de 2009, um homem encontrou Polyanna morta e nua, sob um barranco às margens do Córrego Caveirinha. De acordo com a denúncia, para atender a encomenda feita, o grupo roubou um outro prisma preto no mesmo dia, de propriedade da empresa Pirassununga.
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