Adriana Marinelli e Catherine Moraes
No próximo domingo, completam-se 30 dias da morte do advogado Davi Sebba, que foi assassinado no estacionamento do Supermercado Carrefour. Neste dia, também encerra-se o prazo para que o inquérito seja encaminhado ao Poder Judiciário. O delegado que acompanha o caso, Paulo Roberto Tavares de Brito, informa que o inquérito está pronto e será encaminhado ao Judiciário na segunda-feira (6/7).
Provas
Já existe um réu confesso do caso, o soldado da Polícia Militar Jonathas Atenevir Jordão, mas o delegado afirma que faltam, entretanto, algumas informações essenciais como o laudo que deve ser emitido pela Polícia Técnico-Científica. Além disso, ele solicitou à Polícia Federal as provas de que Davi estaria no local traficando drogas, já que ele estava sendo monitorado pelo serviço de inteligência.
“Recebi um ofício da Polícia Federal informando que Davi revendia drogas no dia do crime. Esta informação consta nos autos e as provas serão repassadas a mim. Foram requeridas por um ofício e precisam de decisão judicial”, completa. Sobre a propriedade da arma encontrada no carro de Davi, o delegado diz que, até então, a arma é do advogado e que só o laudo da Polícia Técnico-Científica vai poder contestar o fato.
Medo
Paulo Roberto conta ainda que requereu uma simulação do crime e que algumas pessoas ainda devem ser ouvidas. Questionado sobre uma possível dificuldade de investigação por envolver policiais militares, o delegado contesta e diz que a investigação caminha como qualquer outra. Segundo o delegado, os policiais colaboraram, "sem nenhum obstáculo".
O advogado da família, Manoel Bezerra, diz o contrário. “Tomamos conhecimento que o delegado responsável está com receio de empreender algumas diligências por medo”. Segundo Manoel, o delegado teria informado que “está com receio de seguir com as investigações porque, segundo ele, há pessoas fortes envolvidas. Me perguntou, inclusive, se eu não tenho medo de representar a família de Davi no caso”, acrescentou.
Paulo Roberto desmentiu todas as informações repassadas pelo advogado e disse que essas conversas não aconteceram. “Não fiz nenhuma pergunta dessas, o inquérito está pronto e ele solicitou, inclusive, uma cópia”, garantiu.
O crime
No dia em que virou pai do primeiro filho, o menino Gabriel, o advogado Davi Sebba morreu baleado após ser abordado por um policial militar. O crime aconteceu no estacionamento do hipermercado Carrefour Sudoeste, na avenida T-9, no setor Vila União, na noite do dia 5 de julho, em Goiânia.
Conforme a versão apresentada pela PM, Davi teria reagido à abordagem, quando foi baleado pelos agentes. A suspeita é de que haveria comercialização de drogas no local e que ele estaria sendo monitorado pelo Serviço de Inteligência da Polícia Federal. Familiares da vítima repudiaram a informação dos policiais, alegando que Davi foi ao supermercado comprar mantimentos para passar a noite na maternidade com o filho recém-nascido e a mulher.
Luta
Desde a morte de Davi, os familiares tem lutado por Justiça e chegaram a se reunir com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na manhã da última terça-feira (31/7). Além do advogado Manoel Bezerra e do irmão de Davi, Pedro Ivo, também participaram da reunião a deputada federal Marina Sant'Anna (PT-GO), os deputados da bancada do PT na Assembleia, Mauro Rubem, Luís César Bueno e Karlos Cabral, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO), do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de Goiás (SindPerícias) e Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol).